Um bicho-preguiça parou o trânsito na Avenida 25 de Agosto, uma das mais movimentadas de Cruzeiro do Sul (AC), na noite de quarta-feira (2). O animal atravessava de um lado para o outro da via e mais de dez veículos tiveram que esperar o mamífero terminar o percurso para seguir seus destinos.
Populares que passavam pelo local acionaram o Corpo de Bombeiros para fazer o resgate e protegiam o animal, alertando os condutores sobre a presença da preguiça na pista.
“Nós íamos passando aqui e vimos a preguiça em cima da calçada. Paramos para impedir que os carros batessem nela, porque ela já estava descendo para rua”, explica a estudante Maiara Castro.
O animal levou aproximadamente 15 minutos para atravessar a via e durante esse tempo os carros e motos tiveram que esperar nos dois sentidos. Ao lado da avenida fica situada uma área de mata do Exército, de onde provavelmente o animal tenha saído. Segundo informações do Corpo de bombeiros esta já é a segunda vez que o resgate é realizado.
“A população atualmente está mais consciente de devolver os animais encontrados. Antes eles maltratavam, batiam, chegavam até a matar, mas ainda bem que esse pensamento mudou, e agora a maioria das pessoas ajudam”, diz o sargento do Corpo de Bombeiros, Mauro Messias.
Devido as grandes garras do animal foi preciso que quatro bombeiros o segurassem para colocá-lo dentro da viatura. De acordo com o sargento que atendeu a ocorrência, o animal será devolvido para uma área de mata fechada, onde não existam riscos de retornar para área urbana, sendo entregue em seu habitat natural.
“Quando a população se deparar com esse tipo de ocorrência deve sempre acionar os Bombeiros através do telefone 193, que nós daremos o destino certo para esses animais”, disse o sargento.
De acordo com a bióloga Joseline Guimarães, o animal trata-se de uma preguiça-de-hoffmanni (Choloepus hoffmanni), comum na região. Essa espécie possui apenas dois dedos e suas garras são muito curvadas para auxiliar sua permanência nas copas das árvores e mantê-las na mesma posição até mesmo durante o sono, a alimentação e o parto. “Só utilizam o chão da floresta para se deslocar para uma outra árvore, ou para defecar. A espécie é noturna e solitária, o macho e a fêmea só se encontram no período do acasalamento. O período de gestação é de nove a dez meses, nasce apenas um filhote. Alimenta-se de folhas, frutas e raízes”, diz.
O biólogo Enevaldo de Souza acrescenta que o crescimento populacional é um dos fatores principais para ocasionar a saída dos animais de seu habitat natural. “Eles acabam fugindo e buscando outros locais. O desmatamento ocasiona a escassez de comida, por exemplo, e isso aumentou bastante nos últimos anos. Os animais saem em busca de alimentação e abrigo, após ter seu habitat natural invadido”, finaliza.
Fonte: G1