Preso ao chão com uma corrente grossa na cintura, um bebê orangotango no Samutprakarn Crocodile Farm e Zoo na Tailândia é forçado a posar para fotos de turistas durante todo o dia.
Ao invés de viver na natureza com sua mãe, ele mal consegue andar três pés sem ser enganchado pela corrente. Em um recente vídeo postado por um turista, o filhote veste shorts de ginástica, rasteja em círculos e se joga no chão. Multidões o chamam, fazendo com que ele corra e seja puxado pela corrente.
Após o orangotango pegar um pedaço de lixo e colocá-lo em sua boca, um adestrador golpeia seu rosto e o arrasta. O bebê também é mostrado em outros vídeos no mesmo chão de concreto, subindo em uma cadeira de plástico ou sentado ao lado de um bebê chimpanzé diante de jaulas estreitas.
Para Prashant Khetan, diretor executivo da Born Free USA, uma grande preocupação é com o destino do jovem orangotango quando ele se tornar mais forte e menos tolerante com a interação humana.
“Os orangotangos são tipicamente solitários e fazer com que um interaja com os seres humanos requer algum ‘treinamento’ – e é por isso que este orangotango é acorrentado e abusado por seu manipulador. Eles podem viver entre 40 e 50 anos. Chegará um momento em que o orangotango precisará ser descartado porque este ‘ato’ não é mais lucrativo para o proprietário”, diz Khetan ao The Dodo.
Quando os primatas são explorados para entretenimento por zoos, particularmente na Ásia, é muito provável que eles sejam originários do comércio de animais selvagens, explica Khetan. Isso geralmente envolve o sequestro de filhotes das mães na natureza que são vendidos após as mães serem assassinadas. Isso elimina as chances dos bebês aprenderem habilidades de sobrevivência e socialização importantes que as mães teriam lhes ensinado em seus primeiros anos de vida.
Na Tailândia, atrações com orangotangos não são incomuns. Outro zoo localizado nas proximidades, o Bangkok Safari World, força os orangotangos a “tocar” um concerto para a multidão.
Embora pouco se saiba sobre o bebê orangotango que vive no Samutprakarn Zoo, incluindo seu nome ou idade exata, o vídeo despertou uma série de protestos online de ativistas e telespectadores que querem denunciar a crueldade ao Ministério dos Recursos Naturais e Meio Ambiente da Tailândia.
O defensor de primatas Greer Bullock, de Sheffield, na Inglaterra, iniciou uma petição online após assistir ao vídeo pela primeira vez no mês passado. O documento possui mais de 60 mil assinaturas até agora.
“Meu coração quebrou instantaneamente. Fiz algumas pesquisas sobre o zoo e fiquei horrorizado com a extensão das terríveis condições em que os animais são mantidos. Eu sabia que tinha que fazer algo para tentar ajudar”, conta.
No mesmo zoo, os crocodilos são explorados regularmente em shows nos quais os treinadores os atacam e abrem suas bocas para colocar suas próprias cabeças dentro. Os elefantes também participam de shows e transportam pessoas em suas costas sob a ameaça das lanças dos adestradores.
Assim como o bebê orangotango, tigres adultos, filhotes de grandes felinos e pássaros “exóticos” também são mantidos em coleiras e correntes para que os turistas tirem fotos com eles.
Para o Bullock, o objetivo principal é transferir os animais para santuários, onde possam viver de maneira mais natural, livre de câmeras e correntes.
“Este pobre bebê deveria ficar com sua mãe em uma floresta. Realmente espero que possamos fechar o zoo e realocar os animais para os santuários, onde eles podem obter o amor e o cuidado de que necessitam”, conclui.