O mar é uma fonte inesgotável de belezas e algumas delas podem ser apreciadas de perto em determinadas épocas, e você nem precisa ser um mergulhador. É o caso das baleias, que podem ser vistas entre os meses de julho e novembro no litoral catarinense. Neste período, as baleias francas migram do do Polo Sul em busca de águas calmas e quentes para se reproduzir e, embora possa ser observada desde o Rio Grande do Sul até o sul da Bahia, é no litoral de Santa Catarina – com suas inúmeras baías e enseadas de águas calmas – que a espécie encontra o habitat ideal para fêmeas acompanhadas de filhotes.
Neste período elas podem ser facilmente avistadas em uma área de aproximadamente 130 km de extensão na costa catarinense abrangendo Florianópolis, Palhoça, Garopaba, Imbituba e Farol de Santa Marta em Laguna. Geralmente pares de mãe e filhote são vistos, nadando em paralelo à costa, e muitas vezes expondo a enorme nadadeira peitoral ou a cauda, ou dando impressionantes saltos fora d´água – tudo isso muito perto da praia!
Qual é a melhor época?
A temporada reprodutiva das baleias Francas no Brasil é de julho a novembro, mas o melhor período para observação na principal área de concentração, a APA da Baleia Franca, é entre a segunda quinzena de agosto e primeira quinzena de outubro, quando um maior número de baleias costuma estar na região, permanecendo por vários dias nas enseadas.
A baleia
Existem relatos de animais com mais de 18 metros de comprimento e cerca de 60 toneladas. Antes de serem praticamente dizimadas, em 1973, as baleias Francas foram uma das espécies de baleia mais abundantes em águas brasileiras. Mas, com a caça desde o século XVII, elas quase foram totalmente extintas. No passado, era comum baleeiros pegarem o filhote e aprisionarem para atrair a mãe e matá-la com golpes de barra de ferro na cabeça. O Brasil só ganhou uma lei proibindo a caça às baleias em 1986. Hoje, cerca de 100 baleias vão para o litoral catarinense a cada temporada.
Apesar da lei, as baleias Francas ainda sofrem risco de extinção. Sua população tem voltado a crescer graças ao trabalho do projeto Baleia Franca que conseguiu transformar grande parte da costa catarinense em Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca. O Projeto é mantido pela Coalizão Internacional da Vida Silvestre – IWC/Brasil com patrocínio da Petrobras e dedica-se ao estudo e proteção desta espécie de baleia e do ambiente marinho no Brasil.
O Projeto tem sede na praia de Itapirubá em Imbituba, onde recebe visitantes e orienta interessados em observar as baleias da faixa de areia.
A baleia Franca tem como característica o corpo negro e arredondado e manchas brancas irregulares na barriga e “verrugas” geralmente acinzentadas ou branco-amareladas na cabeça. Essas “verrugas” de nascença são diferentes em cada baleia, permitindo aos pesquisadores conhecê-las individualmente e assim preservar a espécie.
Jornada exaustiva
Um dos espetáculos mais apreciados pelos turistas – e que pode ser conferido a distância – são os saltos das baleias para fora d’água, eventualmente com a fêmea e o filhote em sincronia, porque os bebês repetem os movimentos maternos. Parece diversão, mas é um aprendizado bastante sério. O filhote precisa ganhar força e desenvolver a musculatura a fim de enfrentar a monumental jornada de volta ao Hemisfério Sul. Uma viagem de milhares de quilômetros com risco de tormentas, predadores, navios, redes de pesca e encalhes pelo caminho.
Além do treinamento do filhote, a cópula, o parto, a amamentação e o jejum prolongado (elas se alimentam somente na Antártida de crustáceos chamados krill) também exaurem a baleia, tanto que as mães recentes só terão energia para retornar ao sul do Brasil daqui a três anos.
Fonte: Bonde