No Nordeste do país, pesquisadores estão preocupados com a interferência das altas temperaturas na reprodução das tartarugas-marinhas.
Estas pequenas criaturas já nascem em desvantagem. Em média, de cada mil tartaruguinhas, apenas uma consegue chegar à idade adulta. O desafio da sobrevivência começa antes dos primeiros passos. Nas praias, os ninhos se espalham na areia, que está cada vez mais quente.
“Os ninhos são incubados com o calor do sol, e temperaturas muito altas podem comprometer a sobrevivência das desovas e não acontecer o nascimento dos filhotes”, explica Jakeline de Castilhos, técnica do Tamar.
Desde que o Projeto Tamar começou a monitorar as praias onde há desovas de tartarugas, e lá se vão mais de 40 anos, biólogos e técnicos sempre perceberam que na região Nordeste, por causa do sol forte, o tempo de incubação dos ninhos é sempre menor. A preocupação agora é que, com as elevadas temperaturas, esse tempo possa diminuir ainda mais e comprometer diretamente a população das tartarugas.
Uma vez por mês, técnicos da Fundação Projeto Tamar aferem a temperatura da areia onde estão as desovas. A melhor faixa para eclosão dos ovos é de 29°C a 35ºC. E os termômetros têm marcado temperaturas maiores.
Além disso, um estudo da Universidade da Flórida em parceria com o Tamar sinalizou que mais fêmeas do que machos têm nascido nas praias do Nordeste, já que a temperatura influencia no sexo das tartarugas. Os ovos que superam o calor forte dão origem a mais fêmeas.
“A gente sabe que as populações vão ter muito mais fêmeas, mas a gente não sabe de quantos machos a gente precisa para sustentar essas populações”, diz Mariana Fuentes, pesquisadora da Universidade da Flórida.
A pesquisa ainda não terminou, mas é clara quanto à necessidade de reduzir outras ameaças, como a pesca , por exemplo, para permitir que os animais se ajustem às altas temperaturas e continuem se reproduzindo.
“Diminuindo essas ameaças, dá mais chances para as tartarugas se adaptarem a essas mudanças climáticas”, afirma a pesquisadora.
Fonte: G1