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ILHAS FAROÉ

Ativistas pressionam pelo fim da matança de golfinhos e baleias

21 de setembro de 2021
Bruna Araújo | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Daily Mail

A última temporada anual de caça de baleias e golfinhos nas Ilhas Faroé, na Dinamarca, gerou uma grande repercussão negativa após imagens do massacre terem sido divulgadas pela organização Sea Shepherd. Ativistas do mundo inteiro querem que a prática seja proibida o quanto antes, pois é incompatível com os valores de uma sociedade moderna que reconhece a senciência dos animais, fato ratificado pela Declaração de Cambridge sobre a Consciência em Animais.

O governo das Ilhas Faroe afirmou que está analisando todas as críticas e pretende rever o futuro da prática no arquipélago, mas a abolição das caçadas não parece ser uma opção por ora. “Levamos esse assunto muito a sério. Embora essas caças sejam consideradas sustentáveis, estaremos observando de perto a caça aos golfinhos e que papel eles devem desempenhar na sociedade faroense”, disse o primeiro-ministro das Ilhas Faroé, Bardur a Steig Nielse.

Entenda

Pescadores e caçadores mataram cerca de 1.500 baleias e golfinhos apenas esta semana no que está sendo considerado o maior massacre da temporada de caça das Ilhas Faroe. A organização Sea Shepherd registrou os caçadores puxando os cadáveres dos animais enquanto o mar estava complemente tingido de vermelho em razão do sangue das baleias e golfinhos.

Normalmente, cerca de 1.000 animais são mortos anualmente, mas este ano foram mortos 1.428 mamíferos marinhos. A prática de caça, conhecida como “grindadráp” consiste em cercar os animais em uma enseada com barcos e matá-los com arpões. Sem chance de fugir, esses animais são condenados a mortes profundamente lentas e dolorosas.

O método de caça é criticado internacionalmente há anos e classificado como “bárbaro”, mas os ilhéus afirmam que estão apenas seguindo a tradição nórdica iniciada no século 9. Muitas pessoas que vivem na ilha se opõem à prática, mas temem represália de grupos conservadores e violentos que lucram com a venda e consumo dos animais.

A temporada de caça de baleias de golfinhos nas Ilhas Faroé já tentou ser proibida pela moratória internacional sobre a caça às baleias em 1986, mas os ilhéus conseguiram manter a autorização alegando que a caça é apenas para subsistência. A Sea Shepherd documenta o massacre de baleias na ilha desde os 80 e ainda se surpreende com a frieza dos caçadores.

De acordo com a lei das Ilhas Faroé, baleias-piloto, golfinhos nariz de garrafa, golfinhos de bico branco e botos também podem ser caçados. A carne e a gordura dos animais são usadas para alimentação e remontam a uma época em que os habitantes locais dependiam da reunião de baleias e golfinhos para sobreviver, mas um estudo recente descobriu que a carne contém mercúrio.

A lei das Ilhas Faroé afirma que os animais devem morrer rapidamente e sem sofrimento, mas isso não acontece na prática. “Não há necessidade de carne nas Ilhas Faroe hoje em dia e não deveria estar acontecendo, muito menos nesses números. Matam os animais como um esporte, usando a tradição como justificativa, e é por isso que fazemos campanha contra isso”, disse um porta-voz da Sea Shepherd.

Em setembro de 2018, a Sea Shepherd ofereceu aos ilhéus um milhão de euros por 10 anos consecutivos sem caça às baleias, mas a oferta foi recusada.

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