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Ativistas da Sea Shepherd enfrentam barreiras burocráticas para ajudar animais vítimas do derramamento de óleo

13 de junho de 2010
3 min. de leitura
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O homem que já se colocou entre uma baleia e um arpão e que já pintou focas com tinta inofensiva apenas para a pele do animal perder seu valor pecuniário está, neste momento, vivendo uma das suas mais dramáticas aventuras em alto-mar. Paul Watson, fundador do Greenpeace que se tornou dissidente e criou o Sea Shepherd Conservation Society em 1977, lançou um grito na última sexta-feira (11), reclamando de barreiras burocráticas para os ativistas chegarem à costa americana, onde um derrame de óleo provoca o maior desastre ambiental já vivido pelos Estados Unidos.

Esse grito do canadense Watson, 59 anos, foi ouvido com exclusividade por Zero Hora, na forma de uma entrevista por e-mail que ele concedeu no meio da tarde de sexta-feira.

– Enquanto estamos barrados por questões burocráticas (especialmente problemas com visto), o petróleo já afetou, de forma irreparável, grande número de aves e outros animais marinhos – queixou-se, contando que ativistas não conseguem chegar à costa americana para ajudar a atenuar o derramamento de óleo que provoca o maior desastre ecológico americano.

Os ativistas tiveram de seguir até a costa de Cuba, onde têm encontrado guarida. Watson não revela onde está neste momento com seu barco, o Ocean Warrior (Guerreiro do Mar, em inglês).

Perguntado sobre os motivos que provocaram tal e tamanho desastre, Watson culpou o governo americano que, segundo ele, não deu incentivo a um fiscal que investigava a gigante petroleira BP, a proprietária da plataforma que despencou no Golfo do México na madrugada de 21 de abril, para inundar as águas e envenenar a fauna.

O derrame de petróleo devastador no Golfo do México poderia ter sido evitado se um ex-agente federal da Agência de Proteção Ambiental (EPA) tivesse sido autorizado a fazer seu trabalho. Scott West, que agora trabalha para a Sea Shepherd, aposentou-se da EPA após o governo terminar com sua investigação sobre a negligência da BP no Alasca em 2006. West enviaria executivos da BP para a prisão. A BP se confessou culpada. Se West tivesse completasse a investigação, alguns executivos da BP teriam tomado mais precauções.

Definido pela revista Time como um dos 21 principais heróis ambientalistas do século 20 e tido como “radical” e “terrorista” por muitos, Watson evita o rótulo de radical. Explica que saiu do Greenpeace por discordar dos seus métodos. Erguer faixas e usar máscaras, segundo ele, de nada adianta. Watson defende ações ambientalistas mais arrojadas. E, em suas palavras, mostra um lado propositivo ao rejeitar o protesto pelo protesto. Pede mais ação, vislumbra aprendizado em meio ao caos, enaltece a atuação proativa.

O mundo aprende, com este episódio, que as autoridades locais estão despreparadas. Além disso, encontramos a maioria das principais organizações de conservação ambiental mais preocupadas em boicotar as empresas petrolíferas, pendurando faixas de protesto, do que em sujar suas mãos na limpeza de aves atingidas pelo petróleo.

Protestar contra as empresas petrolíferas não ajuda a intimidá-las?

Protestar contra as companhias petrolíferas não vai resolver o problema. Este mundo é depende do petróleo, e protestos não vão interromper o fluxo do petróleo. Enquanto o mundo está economicamente dependente do petróleo, derramamentos de óleo serão inevitáveis. O objetivo não é atacar as empresas, mas criar uma coalizão de organizações ambientalistas e produtores de petróleo.

Watson quer chegar à costa americana para se juntar à BP, ao governo americano e aos pescadores locais. Objetivo: limpar os animais, varrer o óleo. Olhar para frente. Evitar que a situação se torne ainda mais grave.

A Sea Shepherd e outras organizações têm navios. Esses grupos, assim como governos e empresas, têm recursos. Precisamos mobilizar esses recursos agora. Este vai ser um processo longo, sujo e cansativo, mas temos de agir e devemos agir agora.

Dez anos atrás, Watson inaugurou em Porto Alegre o escritório que representa sua organização no Brasil. Com o nome de Instituto Sea Shepherd Brasil (ISSB), o grupo diz já ter capacitado mais de 3 mil voluntários para atuar na contenção de derramamentos como o que ocorre na costa americana.

Com informações do Zero Hora

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