(da Redação)
Richard Couto e o grupo Animal Recovery Mission Investigations trabalharam em conjunto com o Gabinete do Xerife do Condado de Palm Beach, na Flórida, nos Estados Unidos, para derrubar três matadouros na maior operação tática de combate a crueldade contra animais da história dos Estados Unidos.
Na madrugada de 13 de outubro, unidades policiais se reuniram para uma busca coordenada em três matadouros ilegais em Loxahatchee – Rancho Garcia, G.A. Paso Fino, e Medina Farm. Ao todo, segundo Couto, além de sua equipe de veterinários e investigadores, havia nove equipes da SWAT, um esquadrão anti-bombas e 150 policiais uniformizados e oficiais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
“Todas as casas dos trabalhadores e proprietários / controladores foram atingidas ao mesmo tempo”, afirmou Couto. “Foram cerca de 12 a 15 locais.”
Seis pessoas foram presas e 750 animais foram resgatados. De acordo com Couto, sua equipe levou 300 animais a um santuário – ele não quis revelar o local exato ao New Times por receio que parentes e amigos das pessoas presas tentem recuperar os animais. Couto explicou ao New Times como ele se infiltrou e ajudou a derrubar os produtores.
O ativista contou que, depois de trabalhar para a empresa militar Blackwater, foi para o setor imobiliário. Mas ao mesmo tempo, ele iniciou um voluntariado na Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais. Eventualmente, ele começou a ajudar os investigadores e chegou a expor um matadouro ilegal, mas o local não foi fechado.
“Eticamente, eu estava tão enojado com a falta de aplicação da lei para essa indústria”, diz Couto, que ele começou a fazer suas próprias investigações para a SPCA. Mas “muitas ameaças de morte começaram a vir, então tive que escolher entre jogar fora meus arquivos ou sair. Foi assim que ele começou a ARM, para combater o assassinato de cavalos e a crueldade contra animais.” Atualmente, o grupo opera em 20 estados e em outros países, incluindo o México e o Nepal.
Couto tem passado a mensagem de que a crueldade contra animais é uma questão a ser levada a sério. “Em Miami-Dade, temos educado juízes, promotores e advogados de defesa”, explica.
No entanto, o mercado de animais para serem mortos continua forte, especialmente para consumo ou exploração em cerimônias religiosas.
Os consumidores que frequentam matadouros ilegais “buscam a sensação de entrar em nesses locais de exploração, escolherem animais e terem ‘carne fresca’”, explica ele.
Alguns meses atrás, Couto soube que um matadouro ilegal estava funcionando no Rancho Garcia. Por isso, ele fingiu ser um trabalhador rural e ofereceu seus serviços ao local. Depois de algumas visitas, ele fez amizade com a equipe da fazenda e começou a comprar animais.
Enquanto isso, Couto também investigava outros dois matadouros – Medina Farms e Paso Fino. A averiguação começou pelo Google Earth. “Há oito ou nove anos nós fazemos essas investigações, então eu sei o que procurar em imagens de satélite. Depois, nós colocamos drones para voar sobre o local para confirmar as nossas suspeitas.”
Criar um relacionamento pessoal é a chave para se infiltrar nessas operações, afirma Couto. “Você já viu o filme Donnie Brasco?” ele pergunta. “É exatamente a mesma coisa. É como a máfia foi derrubada nos EUA. A [indústria de matadouros] é crime organizado, é máfia.”
Ele emprega ex-militares e fuzileiros navais para realizar as investigações. “Nós não contratamos as pessoas porque elas amam animais”, diz ele. “Eu preciso de alguém que possa fazer a investigação e obtenha provas.”
Nas missões, o seu grupo realiza vigilâncias noturnas e de longa distância: “Monitoramos as pessoas e os animais que entram ou saem do local.” Eles também usam câmeras escondidas para pegar pessoas matando e vendendo cavalos. Couto conseguiu flagrar pessoas escaldando animais vivos, esfolando-os e explorando animais em lutas até a morte, por esporte.
Nos matadouros, o ativista conseguiu gravar cenas cruéis de tortura e matança de animais. Entre as mortes que Couto testemunhou no Medina Farms “todas foram brutais, mas a morte mais torturante foi do gado.” No matadouro, o animal era espancado e esfaqueado. “100 por cento dos animais em Medina eram esquartejados vivos.”
Apesar das ameaças que sofre, para Couto, o risco pessoal vale a pena. Até agora as investigações levaram a batidas em 70 matadouros.
Segundo o ativista a ARM está infiltrada em vários outros matadouros. Por isso, mais descobertas devem acontecer em breve.