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VIDEOVIGILÂNCIA

Espanha obrigará instalação de câmeras em matadouros para diminuir maus-tratos contra os animais

24 de agosto de 2022
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Foto: Pixabay

A Espanha forçará todos os matadouros do país a instalarem sistemas de vídeo para monitorar o tratamento aos animais. O governo fez o anúncio nesta terça-feira (23) e assegurou ser uma novidade na União Europeia.

“Somos o primeiro país da União Europeia que contará com um sistema de videovigilância obrigatório nos matadouros”, informou o Ministério do Consumidor do governo socialista de Pedro Sánchez através do Twitter.

Foto: Pixabay

A medida foi aprovada durante a reunião semanal do executivo, a primeira após as férias de verão, como decreto-lei real, o que acelera seu processo legislativo.

“Trata-se de uma norma que coloca a Espanha na liderança desse assunto, e que, além de garantir o bem-estar dos animais durante sua permanência nos matadouros, também melhora as garantias de segurança alimentar para os consumidores”, comemorou o ministro espanhol do Consumo, Alberto Gazón.

O decreto real “foi acordado com o setor, foi discutido com o setor”, detalhou a porta-voz do executivo, Isabel Rodríguez, em uma coletiva de imprensa.

Foto: Pixabay

Guillermo Moreno, diretor executivo da Equalia, uma ONG que fez campanha a favor da medida, saudou sua adoção, estimando que “é um primeiro passo necessário e importante para elevar os padrões de bem-estar animal nos matadouros”, disse à AFP.

Segundo Moreno, a Espanha se junta a Inglaterra, Israel e Escócia na implementação desse sistema.

O Ministério do Consumo especificou em comunicado que as câmeras deverão cobrir “as instalações onde os animais vivos são encontrados, incluindo as áreas de descarga, os corredores da condução” e as zonas onde os animais são atordoados e sangram até a morte.

Foto: Pixabay

Os responsáveis dos matadouros deverão guardar as imagens para posteriores verificações feitas por autoridades.

Os “grandes matadouros terão o prazo de um ano para se adaptarem à nova regulamentação, e os pequenos dois”, disse o ministério.

Fonte: Notícias Uol


Nota da Redação por Paula Brügger

A instalação de câmeras de vigilância é uma medida muitíssimo aquém do que nós – Abolicionistas – desejamos. Porém, na esteira do que venho defendendo há tempo, “abolicionismo animal”, tout court, é para o universo da educação e das reflexões teóricas, algo que, por sinal, NÃO vem acontecendo. A educação formal dominante é especista em todos os níveis e áreas do conhecimento. No mundo real não será possível abolir o universo especista de uma só tacada. Abolir por etapas é uma ideia bem mais factível, mas apenas alguns setores são, em tese, mais propensos à aplicação de medidas nesse sentido. E, ainda assim, a prática mostra que existem muitos empecilhos no que tange à consecução desse objetivo: as tentativas de proibir a produção de foie gras são exemplos emblemáticos. Dessa forma, medidas como a anunciada são bem vindas, e SUBLINHO: não são elas que vão perpetuar ou legitimar a indústria carnista, entre outras cadeias produtivas especistas. A educação especista (que produz e reproduz o nosso caldo cultural especista) é que vem fazendo isso há séculos! Um benefício imediato da medida em questão é coibir a ação de pessoas sádicas que, infelizmente, podem trabalhar em matadouros, laboratórios de pesquisa, etc, e praticar impunemente crimes bárbaros contra os animais. Se outras medidas protetivas forem somadas a essa, sobretudo de modo a internalizar as externalidades negativas de tais maquinarias da morte, isso ajudará numa transição rumo a um eventual veganismo. Que ninguém se iluda. O mundo não mudará pelo “bom coração” das pessoas. Questões de ordem econômica sempre foram o fiel da balança nos mais diversos processos históricos.

Paula Brügger é bióloga, doutora em Sociedade e Meio Ambiente, professora universitária, escritora, ambientalista e ativista em defesa dos direitos animais.

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