Segundo a informação divulgada, os animais são recolhidos e albergados em más condições na zona das oficinas do Santuário até serem entregues à responsabilidade da Câmara de Ourém, entidade que está averiguando a situação. O Mirante entrou em contato com o Santuário de Fátima, mas até o fechamento desta edição não foi prestado qualquer esclarecimento.
No comunicado da Frente de Ação Animal pode ler-se que “as ordens partem da Reitoria do Santuário, para que todos os cães que aparecem por Fátima, quer sejam adultos ou não, quer tenham tutores ou não, sejam capturados pelos seguranças” e colocados numa caixa com grades. A dita caixa, dizem, estará na zona das oficinas do Santuário, onde os animais permanecem “durante algumas semanas, ao frio e à chuva de inverno, à chapa do sol, no verão. Sem direito a comida ou água, num espaço mínimo onde a maioria nem se consegue colocar de pé…”
Aí permanecem, segundo a associação, “até que o transporte da Câmara de Ourém tenha tempo para vir buscá-los. Lá são colocados, já muito debilitados, para abate, num prazo de poucos dias”. O comunicado questiona a Câmara de Ourém sobre o prometido canil para recolher animais abandonados.
Céu Romeiro, da Associação Protetora dos Animais Abandonados de Fátima (APAAF), disse que desconhece há quanto tempo se passa esta situação e que estranha o “silêncio” da Câmara de Ourém e do Santuário de Fátima.
Após os pedidos de esclarecimento, a Câmara de Ourém emitiu um comunicado dizendo que o veterinário municipal “está apurando a veracidade dos fatos denunciados”. Lamentando a inexistência de instalações, no município, que deem resposta condigna a cães e gatos abandonados, informa que “o atual executivo assumiu como prioridade esta ação, em respeito à dignidade e direitos dos animais e também da segurança e saúde públicas”.
Está equacionada uma localização, junto ao estaleiro municipal, “de forma a otimizar recursos de funcionamento e segurança, encontrando-se o projeto a ser desenvolvido nos serviços da autarquia”. Na mesma nota refere-se também que “foram estabelecidos contatos com a Câmara Municipal de Torres Novas de forma a encontrar-se a solução transitória no âmbito do canil/gatil intermunicipal aí sedeado”.
O veterinário municipal, António Pereira, também diz não ter conhecimento sobre os maus-tratos a animais no Santuário. Sublinhou ainda que em Fátima são abandonados dezenas de animais. Estes, explicou, são então recolhidos pelos serviços municipais. Os animais seguem para o canil municipal, em Ourém, onde “permanecem três semanas a um mês, no mínimo”. A ordem de serviço para que os animais sejam abatidos tem que ser assinada pelo vereador responsável.
Os serviços também recolhem, de forma gratuita, animais entregues voluntariamente ao canil. “Não conseguimos dar escoamento a todos os animais entregues, mas doamos todos aqueles pelos quais é manifestado interesse”, destacou.
Fonte: O MIRANTE