Na última semana, um artigo científico chamou atenção ao ser divulgado na internet. Assinado por um “consultor de negócios para o setor bioenergético”, o trabalho, intitulado Caracterização química e orgânica dos resíduos de incubatório e materiais carbonáceos para sua compostagem e publicado em março de 2010 por um site de avicultura, revela cruamente que os cadáveres de pintinhos machos rejeitados pela avicultura de ovos são tratados como meros “resíduos de incubatório”.
Esse é o trecho que faz tal afirmação, no segundo parágrafo da introdução:
“Estes resíduos de incubação são compostos por ovos inférteis, casca de ovos, pintinhos natimortos, mortalidade provinda da transferência da incubadora para o nascedouro e má formação durante o desenvolvimento embrionário, além disso, se for um incubatório de postura, os pintos machos também são considerados resíduos de incubatório”.
Traduzindo para uma linguagem não zootécnica: se vêm de criações de galinhas “poedeiras”, os pintos machos são considerados meros rejeitos e tratados como lixo, junto com ovos inférteis, carca de ovos, pintinhos que morreram (malformados ou não) antes de sair do ovo e pintinhos que morreram ao serem transferidos da incubadora para o nascedouro.
O artigo mais adiante mostra duas fotos aterradoras: uma com os “resíduos de incubatório”, incluindo pintinhos machos rejeitados pelos produtores de ovos, sendo moídos por um moedor de carne, e uma com uma massa disforme com os “resíduos” moídos. O estudo sugere que essa massa amorfa seja usada para compostagem e assim transformada em fertilizante.
O estudo traz assim uma abordagem assustadoramente insensível sobre como as criações de galinhas “poedeiras” tratam os filhotes machos delas. Mas acaba tendo o efeito, inesperado pelo seu autor, de escancarar mais uma das tantas crueldades e violações éticas envolvidas na produção dos bilhões de ovos anualmente consumidos no Brasil e no mundo.
Fica cada vez mais evidenciado, com trabalhos científicos como esse, que a avicultura de ovos reproduz o costume de todas as demais atividades da pecuária de tratar os animais submetidos a ela como coisas descartáveis, máquinas ou lixo. E quem consome ovos, incluindo onívoros, ovolactovegetarianos e os raros ovovegetarianos, acaba tendo uma parcela de responsabilidade por isso, já que são eles que compram e consomem os frutos dessa escabrosa indústria de vidas e mortes.
Fonte: Veganagente