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CLIMA PROPÍCIO

Aquecimento global pode causar enxames devastadores de gafanhotos, alerta estudo

Um estudo recente apontou que se o aquecimento global não for amenizado, as mudanças climáticas podem afetar o habitat dos gafanhotos resultando em enxames gigantescos e devastadores

22 de fevereiro de 2024
LUIZ FERNANDO DRESCH
3 min. de leitura
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Foto: Francisco Welter-Schultes | Wikimedia Commons

Conforme o fenômeno do aquecimento global ganha força, especialistas alertam para a crescente importância de entender os impactos que os efeitos climáticos extremos podem causar.

Ondas de calor intensas, períodos de seca e surtos de gafanhotos vorazes, que destroem colheitas e causam prejuízo de bilhões de dólares, estão na pauta dos estudiosos.

De acordo com um estudo recente, divulgado na revista Science Advances, e publicado no portal Inside Climate News, indica que se caso o aquecimento global não for contido, determinadas regiões, como o Oeste da Índia e o centro-oeste da Ásia, poderão se tornar epicentros de infestações de gafanhotos nas próximas décadas.

Ainda, o estudo apresenta desafios adicionais para os programas de controle, representando uma ameaça ainda maior para a segurança alimentar e os meios de subsistência das populações já fragilizadas nessas regiões.

Os especialistas se preocupam com a destruição em massa de plantações causadas por estes insetos.

Os cientistas afirmam que o habitat propício para os gafanhotos poderá aumentar em torno de 5% em um cenário de baixas emissões com um controle efetivo do aquecimento global, em comparação com os dados de distribuição desses insetos entre 1985 e 2000.

No entanto, em um cenário de altas emissões e aquecimento global mais intenso, esse aumento poderia chegar a 13 a 25% até o período entre 2065 e 2100.

Aquecimento global pode proporcionar condições favoráveis para o desenvolvimento de gafanhotos

O co-autor do estudo e professor assistente de engenharia civil e ambiental na Universidade Nacional de Singapura, Xiaogang He, alerta que se o aquecimento global persistir, isso poderá propiciar condições favoráveis para o desenvolvimento de gafanhotos em áreas anteriormente caracterizadas por temperaturas mais baixas.

“A alta probabilidade projetada de chuvas extremas poderia fornecer solo úmido para a incubação de ovos” em novas áreas, disse ele.

O aumento da umidade também estimula a vegetação que alimenta e abriga os gafanhotos. As potenciais novas áreas de habitat são dominadas por desertos e matagais secos com “solo arenoso e argiloso, que é uma pré-condição para a reprodução de gafanhotos”, acrescentou.

Gafanhotos devastaram colheitas

Durante o surto significativo ocorrido nos primeiros anos da década de 2020, os gafanhotos causaram estragos em plantações, florestas e pastagens em regiões da África, Península Arábica e Sul da Ásia.

Esse fator trouxe um impacto para cerca de 25 milhões de pessoas em 23 nações e resultando em prejuízos avaliados em 1,3 bilhão de dólares.

Durante o auge da infestação, enxames de gafanhotos afetaram até mesmo o tráfego aéreo, enquanto os cadáveres desses insetos bloqueavam linhas ferroviárias.

Os gafanhotos do deserto são reconhecidos como as pragas migratórias mais danosas do mundo, com a capacidade de percorrer até 145 quilômetros por dia, consumindo a mesma quantidade de alimentos que seriam necessários para sustentar 35 mil pessoas.

Medidas de controle podem acompanhar as mudanças climáticas?

Em determinada etapa da vida, o gafanhoto do deserto (Schistocerca gregaria) que afeta a África Oriental e o Sul da Ásia, vive sozinho e se alimenta da vegetação em determinadas regiões.

Contudo, longas secas regionais que terminam com chuvas torrenciais favorecem o desenvolvimento de enxames destrutivos destes insetos.

Mas os riscos aumentam dramaticamente se o aquecimento global continuar ou acelerar, como sugerido por pesquisas recentes .

Isso levaria a uma mudança do habitat dos gafanhotos para norte, “resultando no surgimento de novos pontos críticos na Índia Ocidental, no Irã, no Afeganistão e no Turquemenistão”, disse He, o autor do novo estudo.

Fonte: ND Mais

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