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CALOR EXTREMO

Aquecimento global coloca tartarugas em risco de extinção na Malásia

As altas temperaturas são uma das principais causas da baixa natalidade de tartarugas machos, o que está a gerar distúrbios no seu ciclo reprodutivo e pode causar a extinção dessas espécies.

24 de abril de 2024
Redação Observador
2 min. de leitura
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Foto: Brocken Inaglory | Wikimedia Commons

A presença de tartarugas na costa da Malásia pode tornar-se cada vez mais rara com várias espécies a enfrentar uma nova ameaça: o aumento da temperatura das areias das praias, que perturba o equilíbrio da natalidade de machos e fêmeas.

“Em muitas áreas na costa leste da península, entre 2019 e 2022, o número de nascimentos de tartarugas macho foi quase zero“, explicou Mohd Uzair Rusli da Univesidade Malaysia Terengganu, a Al Jazeera.

Os cientistas malaios alertam que o aquecimento global é um fator que provoca a baixa natalidade de tartarugas macho, uma vez que os ovos são extremamente sensíveis à temperatura. “O aquecimento global levará ao não nascimento de tartarugas macho”, alertou Rusli.

Em condições normais, um ninho de tartarugas-verdes resulta numa quantidade igual de machos e fêmeas caso consiga manter-se a uma temperatura de 29,2ºC durante o período de incubação. O resultado pode variar drasticamente com o aumento ou diminuição de um único grau.

“Quanto mais quente maior é a tendência para o nascimento de mais fêmeas, enquanto temperaturas mais frias resultam em mais machos. A situação pode potencialmente distorcer a proporção entre os sexos das populações de tartarugas marinhas, conduzindo a desequilíbrios e afetando o sucesso reprodutivo”, explicou o Gestor de Estratégia de Espécies Marinhas da WWF-Malásia, Gavin Jolis, em entrevista ao Daily Express.

Em média, apenas uma a cada mil tartarugas marinhas sobrevivem até a idade adulta, quando regressam à praia onde nasceram para pôr novos ovos. Mohd Uzair Rusli, alerta, no entanto, que com aumento das temperaturas, podem não existir machos suficientes para completar o ciclo reprodutivo.

“Prevemos que se continuarem sem nascer novos machos, talvez em dez ou quinze anos, as tartarugas vão pôr ovos, mas eles não vão rachar”, explicou.

Com o declínio do número de tartarugas, ambientalistas esforçam-se para recuperar essa biodiversidade em risco na Malásia. A praia de Chafar Hutang foi escolhida como um sítio de conservação pelas autoridades locais em 1993, tendo sido criado um programa de voluntariado anos mais tarde.

A iniciativa conseguiu proporcionar um grande crescimento do número das tartarugas, passando de poucas centenas de ninhos no início dos anos 90 para mais de dois mil em 2022. Contudo, esse esforço tem vindo a ser ofuscado pelas variações climáticas. Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, a temperatura da água do mar na Malásia atingiu um novo recorde em março deste ano, de 21ºC.

Fonte: Observador

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