O aumento de vegetação na região, em pontos cada vez mais altos, é alarmante, já que esses ambientes têm temperatura baixa o suficiente para plantas não conseguirem sobreviver
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, expõe o aumento da vegetação ao redor do Monte Everest, no Himalaia, entre 1993 e 2018.
Imagens feitas pelos satélites Landsat, da NASA, identificam em azul a superfície do Everest com grama em 1993 e o aumento da vegetação, até 2017, em vermelho.
A pesquisa avaliou o aumento de vegetação nas maiores altitudes que ainda permitem o crescimento de grama, entre quatro e seis mil metros acima do nível do mar. Desse nível para cima, o ambiente é composto por rochas e neves. O Everest tem quase nove mil metros de altura. As informações são da Super Interessante, da Abril.
Esse limite, no entanto, tem aumentado e a vegetação está sendo registrada em pontos cada vez mais altos, o que é alarmante, já que esses ambientes têm temperatura baixa o suficiente para plantas não conseguirem sobreviver. De acordo com os pesquisadores, houve um aumento “pequeno, mas significativo” da área com grama.
O aumento da vegetação, segundo a pesquisa, tem relação com estudos sobre mudanças climáticas, já que o Himalaia é uma das regiões mais quentes do planeta. Desde os anos 2000, a taxa de derretimento na neve dobrou na região e a estimativa é de que um terço do gelo da cordilheira irá sumir neste século.
O derretimento gradual das geleiras abastece os dez maiores rios da Ásia, já que o Himalaia é uma fonte significativa de água doce, que abastece 1,4 bilhão de pessoas, fornecendo água e energia elétrica através das usinas hidrelétricas.
Apesar de ainda não se saber qual o impacto do crescimento da vegetação na região, é de conhecimento dos cientistas que o fornecimento de água pode ser afetado. A pesquisadora Karen Anderson, líder do estudo, afirmou que as plantas podem prejudicar a trajetória da neve ou derretê-la mais rapidamente, resultando em alagamentos.
O excesso de vegetação também pode perpetuar um ciclo de mudança de temperatura no Himalaia, para mais ou menos frio e a transpiração das folhas pode resfriar mais a região, segundo um estudo feito no Tibet. Outras pesquisas, porém, demonstram que a absorção de luz pelas plantas pode aumentar a temperatura do solo.
“Não sabemos tanto sobre essa área. Precisamos direcionar esforços e atenção para o Himalaia por ser uma fonte importante de fornecimento de água”, disse a pesquisadora ao The Guardian.