A Latam informou que, desde a última sexta-feira (15/10), interrompeu por 30 dias o transporte de animais domésticos no porão de aviões da companhia.
A medida foi tomada após a morte do cachorro Wiser, da raça american bully, que foi obrigado a ficar sete horas em uma pequena caixa de transporte no setor de cargas de um voo de Guarulhos (SP) com destino a Aracaju (SE).
Segundo a companhia aérea, em laudo emitido pela clínica veterinária que atendeu o cão, “foi observado que ele roeu o kennel de madeira em que estava e se asfixiou”.
A denúncia foi feita pela tutora do cachorro, a nutricionista Giulia Conte, na última quinta-feira (14), que desabafou sobre o ocorrido nas redes sociais.
Ela contou que já viajou com Wiser na cabine, junto aos passageiros, mas nas últimas vezes foi impedida pela companhia aérea e obrigada a transportar o animal no setor de cargas, junto às bagagens.
Apesar do voo só decolar às 12h30, o cão foi mantido preso desde às 8h da manhã.
Ela afirma que o animal ficou estressado por estar preso em uma caixa pequena. Quando o voo aterrissou em Aracaju, Wiser estava sem vida.
A Latam diz que o kennel (caixa de transporte) estava em concordância com o processo de transporte de animais e de grande porte da empresa.
“A Latam já vinha fazendo uma análise profunda de todos os procedimentos deste tipo de transporte, e neste lamentável evento cumpriu todos os processos de forma correta. Diante deste cenário, a empresa decidiu neste momento suspender a venda para o transporte de animais no porão das aeronaves nos 30 próximos dias para o mercado brasileiro”, anunciou a companhia.
A tutora de Wiser disse que buscará justiça e lamentou que a companhia área tem um triste e deplorável histórico de mortes de animais. “Até quando vidas vão ser desperdiçadas assim?”, questionou Giulia.
Casos de maus-tratos
Em setembro de 2021, a estudante Gabriela Duque Rasseli, de 24 anos, cobrou a Latam por possíveis maus-tratos contra Zyon, seu cachorro que morreu durante um voo entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo ela, o animal morreu depois de passar algumas horas aos cuidados da empresa. Na época, Gabriela disse pelas redes sociais que o cachorro teria ficado no calor e foi entregue para ela “quase morto”.
“Infelizmente estou aqui hoje para falar de uma coisa horrível. A Latam Airlines assassinou meu cachorro. Eu não tive oportunidade de conhecê-lo. Na primeira foto é como ele chegou para mim, quase morto, na segunda foto era ele antes de embarcar no voo LA 3842 dia 14/09. Meu cachorro chegou no aeroporto do Galeão às 13h53 e só me entregaram ele às 15h30. Deixaram meu cachorro no calor, quando ele chegou pra mim ele já estava quase morto!!!!! Eu e minha família estamos devastados. Não tem nada que alivie nossos corações. A gente só quer justiça!!!!! Latam precisa ser responsabilizada! SP x Rio de Janeiro. O meu cachorro não resistiu e faleceu!!!”, relatou a tutora.
Animais na cabine da aeronave
Sobre levar os animais domésticos na cabine da aeronave, junto aos passageiros, o serviço segue normalmente em voos da Latam. Para levar a bordo, o cachorro ou gato deve ter bom estado de saúde, atestado médico emitido por um veterinário até 10 dias antes do voo e mais alguns certificados, dependendo do destino.
Além disso, o animal precisa ter pelo menos 8 semanas de vida, com exceção dos Estados Unidos, que aceitam animais
apenas com 4 meses de idade; não pode estar sedado e deve estar em kennel que atenda as regras da empresa.
A solicitação para o serviço, que é pago à parte, deve ser feita em contato com a Latam por reserva ou até 4 horas antes do voo (sujeito à disponibilidade).
Para levar o animal, o check-in precisa ser feito no aeroporto.
Nota da Redação: é irresponsável e negligente que companhias áreas continuem transportando animais no setor de carga como se fossem objetos diante da quantidade dantesca de casos de mortes de animais por hipertermia e asfixia. Assim como crianças, animais precisam viajar ao lado de seus tutores, de forma tranquila e segura. Esperamos que a Latam e todas as companhias áreas se conscientizem sobre o bem-estar animal e proibiam definitivamente essa prática.