Valente, um cachorro de 2 anos de idade, perdeu os movimentos das patas traseiras após ser atropelado por um carro, em Cruzeiro do Sul, no mês de março. Resgatado por membros da Organização Não Governamental (ONG) Amor Vira Lata dias após o acidente, Valente ganhou uma cadeira de rodas feita a partir de cano PVC, como forma de minimizar seu sofrimento na hora de se locomover.
“Ele perdeu o movimento do tronco da parte inferior e só se arrastava e se feria. Ao tentar andar com as patinhas da frente, acabou ficando muito séria a situação das patinhas de trás. Ele quis comer as próprias patas, pelo fato de não ter mais sensibilidade, então, tivemos que amputar uma das patas”, explicou a veterinária Maiara Leal.
Sem recursos financeiros para comprar uma cadeira de rodas para o cão, o presidente da Amor Vira Lata, Jean Soares, confeccionou, com a ajuda dos outros membros, a cadeirinha de cano de PVC para que Valente pudesse ter uma vida normal e interagir com os outros animais.
“Primeiro surgiu a ideia de comprar na internet, mas era caro e demora a chegar, foi então que pesquisamos e vimos as cadeirinhas feitas com PVC. Se não fizéssemos isso, ele continuaria se ferindo e chegaria a um ponto que precisaria fazer a eutanásia. A cadeira foi uma forma de preservar a vida dele e de proporcionar maior liberdade”, completou.
Atualmente o cão é extremamente dócil, mas nem sempre foi assim. Os integrantes da ONG contam que os primeiros contatos com o animal eram mais difíceis, devido ao estado agressivo que ele apresentava, em decorrência dos maltratos que sofria nas ruas. Para que os animais sejam adotados, é necessário que sejam dóceis, e tudo depende do tratamento que eles recebem. Valente é um dos casos mais difíceis para adoção devido à deficiência e os cuidados que necessita.
Os gastos com o cachorro vão desde fraldas descartáveis, pelo fato de ter perdido o controle das necessidades fisiológicas, até uma medicação para melhorar o sistema nervoso, além dos custos com alimentação e higiene. Atualmente existem 27 cães e gatos, adultos e filhotes na entidade. Alguns precisam de tratamentos mais caros como quimioterapia. Ao chegar no local, os animais passam por uma avaliação da veterinária Maiara Leal, que indica as vacinas, medicamentos e vitaminas que devem ser tomados e aplicados. Após o tratamento, quando o animal está forte o suficiente, ele é então castrado.
De acordo com Jean Soares, presidente da ONG, os animais mais velhos e com deficiência, como falta de movimento de patas, membros amputados, quase nunca são adotados. As pessoas acabam dando preferência aos filhotes, devido à dificuldade e cuidados especiais que alguns animais exigem.
“Quando pegamos um animal, eles ficam aqui por um período. Nós fazemos até três feiras, e colocamos eles à disposição de quem quiser adotar, se em até três feiras eles não forem adotados, nós o devolveríamos para rua depois de castrado, mas graças a Deus isso nunca precisou acontecer, sempre foram adotados”, explicou.
‘Amor Vira Lata’
A ONG foi criada em 6 de agosto de 2013. Ela funciona com a colaboração de 31 pessoas, sendo dividido em sete efetivos e 24 sócios-colaboradores. Efetivos são os que participaram da criação da ONG e os colaboradores são os que auxiliam com doações mensais, que não participam diretamente , mas continuam fazendo parte do trabalho. A ideia surgiu da veterinária Maiara Leal, que já realizava o trabalho individualmente, com um número menor de cachorros. Com o aumento da demanda, a veterinária convidou amigos para abraçarem a causa e formaram a organização.
“Nosso principal foco era a diminuição do número de animais abandonados, mas ocorre que a maioria das pessoas da ONG tem o coração mole demais, então além de nos preocuparmos com a redução dos animais abandonados, estamos também nos preocupando com os animais feridos e atropelados”, contou Jean Soares.
A ONG conta atualmente com a parceria de algumas empresas que se comprometem com uma contribuição mensal. Elas recebem um adesivo da ONG Amor Vira Lata como empresa amiga de ações sociais.
Quem deseja adotar um animal pode procurar a instituição no horário comercial. A ONG fica situada Avenida Getulio Vargas, Bairro do Alumínio, em frente aos tanques da Petrobras. “A doação é fundamental para sobrevivência da ONG, pois ela que possibilita esse rodízio, pois se não saírem animais não temos como pegar outros”, ressaltou o presidente.
Fonte: G1