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TECNOLOGIA

Algoritmo “oráculo” prevê impacto das mudanças climáticas na Amazônia

Tecnologia, criada por pesquisadores brasileiros, projeta futuro da maior floresta tropical do mundo; confira previsões

23 de maio de 2023
Por Pedro Borges Spadoni
4 min. de leitura
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(Imagem: Mayke Toscano/Secom-MT / montagem: Pedro Spadoni/Olhar Digital)

Grupo de pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveu algoritmo capaz de projetar futuro da vegetação amazônica. Ele apresenta cenários com transformações da floresta provocadas pelas mudanças climáticas. É o que conta a repórter Luciana Constantino, em reportagem da Agência Fapesp.

O que você precisa saber:

  • Algoritmo, apelidado de Caetê, mostra cenários que mudanças climáticas poderão causar na vegetação Amazônica;
  • Principal resultado da pesquisa foi mostrar que inclusão da diversidade em modelos de vegetação melhora capacidade de projeção frente às mudanças climáticas;
  • Tecnologia também mostra quantidade de carbono que a floresta pode armazenar e em qual ponto a vegetação nativa não se recupera mais;
  • Este é o primeiro algoritmo desse tipo exclusivamente brasileiro.
(Imagem: Curioso.Photography/Shutterstock)

Apelidado de Caetê, trata-se do primeiro algoritmo desse tipo exclusivamente brasileiro. Seu apelido significa “mata virgem”, na língua tupi-guarani.

Porém, nome do algoritmo vem da sigla Carbon and Ecosystem functional-Trait Evaluation Model (“modelo para avaliação de características funcionais de carbono e de ecossistema”, em tradução livre).

Seus primeiros resultados estão descritos num artigo publicado na revista científica Ecological Modelling.

Previsões do algoritmo

(Imagem: AI)

O Caetê simula fenômenos da natureza usando equações matemáticas alimentadas por dados de condições ambientais – por exemplo: chuva, incidência solar e níveis de CO2.

Com essas informações, algoritmo responde qual pode ser a taxa de fotossíntese em determinadas condições ou em qual parte a planta estocará mais carbono (raízes, folhas ou troncos).

Por meio dessa informação, é possível chegar à quantidade de carbono que a floresta pode armazenar e em qual ponto a vegetação nativa não se recupera mais.

“O principal resultado da pesquisa foi mostrar que a inclusão da diversidade em modelos de vegetação melhora a capacidade de projeção frente às mudanças climáticas, aumentando a credibilidade.”

Bianca Fazio Rius, primeira autora do artigo e doutoranda do IB (Instituto de Biologia) da Unicamp, em entrevista à Agência Fapesp

(Imagem: streetflash/Shutterstock)

Já o segundo ponto que merece destaque foi um resultado inesperado do algoritmo, contou Bianca. Ele mostrou que após aplicar redução de 50% na precipitação, houve aumento na diversidade de estratégias das plantas. Mas com menor retirada de carbono da atmosfera.

Ainda segundo a doutoranda, isso pode ter resultado diferente sobre a mitigação das mudanças climáticas. “Neste caso, aumentar a diversidade necessariamente pode não indicar um saldo positivo”, explicou.

Vantagens e desvantagens

Algoritmos atuais usam como base um pequeno conjunto dos chamados tipos funcionais da planta (PFT, na sigla em inglês), com sub-representação da diversidade.

Entre os tipos existentes atualmente estão DGVMs (modelos dinâmicos de vegetação global), softwares que fazem simulações e projeções da dinâmica vegetacional de uma região. Um exemplo desse tipo de programa é o JeDi (Jena Diversity).

(Imagem: James Martins/Wikimedia Commons)

Assim, a combinação de características encontradas nos ecossistemas-modelo é simplificada diante da complexidade da maior floresta tropical do mundo. Isso gera cenários limitados ou que superestimam impactos das mudanças ambientais. É a desvantagem.

Já entre as vantagens das simulações, está o fato de elas não dependerem de logística e grandes investimentos, necessários para se realizar experimentos de campo em larga escala.

Rius recebe apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que também financiou o estudo, por meio de bolsa, a João Paulo Darela Filho e do AmazonFACE. Esse programa de pesquisa estuda, por meio de experimento de campo, como aumento de CO2 atmosférico afeta a floresta amazônica, sua biodiversidade e serviços ecossistêmicos.

Contexto

Modelos de vegetação têm sido amplamente utilizados para explorar destino do balanço de carbono da floresta amazônica sob condições climáticas projetadas para o futuro.

Estudos anteriores já mostraram que, nos últimos 40 anos, a Amazônia ficou um grau mais quente e chegou a ter redução de até 36% no nível de chuvas em algumas áreas.

(Imagem: Ana_Cotta/Flickr)

Como reflexo do desmatamento, da degradação vegetal e do aquecimento global, a floresta também tem perdido sua capacidade de absorver CO2.

Além disso, relatório divulgado em maio pela Organização Meteorológica Mundial alertou que temperatura global deve atingir níveis recordes nos próximos cinco anos, por causa dos gases que causam o efeito estufa e do fenômeno El Niño, com previsão de redução no regime de chuvas para a Amazônia.

Fonte: Olhar Digital

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