Uma ação judicial tenta impedir que um gato comunitário seja expulso de um condomínio residencial onde vive há quatro anos em Campo Grande, no estado de Mato Grosso do Sul. O animal é bem tratado pela maior parte dos moradores, mas uma minoria quer sua expulsão, incluindo o atual síndico.
Tamanha perseguição já resultou em ameaças de morte ao gato por envenenamento. Em 2020, um episódio de maus-tratos também colocou a vida do animal em risco após moradores estourarem um rojão em direção ao gato, que conseguiu escapar ileso.
Preocupados com a integridade física de Frajola, como é chamado o gato, moradores do condomínio que são considerados “tutores legais” do animal acionaram a Justiça. O processo tramita na 11ª Vara do Juizado Especial Central e solicita que o gato possa permanecer no condomínio em segurança.
Bem cuidado por seus responsáveis, Frajola foi vacinado e castrado por funcionários do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Campo Grande, onde também foi microchipado. O gato também tem cadastro na Prefeitura Municipal, onde foi registrado como animal comunitário.
De acordo com a Lei Complementar Municipal 395 de 01/09/2020, que instituiu o Código Sanitário Municipal e regulamentou o programa “Animal Comunitário”, “o animal comunitário, assim considerado aquele que estabelece com a comunidade em que vive laços de afeto, de dependência e de manutenção, ainda que não possua responsável único e definido, poderá ser mantido no local em que se encontra sob a responsabilidade de um tutor”.
A lei diz ainda que “poderão ser considerados tutores de animal comunitário os responsáveis, os tratadores e os membros da comunidade que com ele tenham estabelecido vínculos de afeto e dependência e que, para tal fim, se disponham voluntariamente a cuidar e respeitar os direitos deste animal”.
Para fazer valer a legislação, os tutores legais de Frajola decidiram, então, recorrer à Justiça, exigindo que os direitos do gato sejam resguardados como resultado de uma ação judicial inédita em Campo Grande.