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A odisseia de Johnny Vasco, a tartaruga que quer voltar para casa

9 de outubro de 2011
2 min. de leitura
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Johnny Vasco é uma tartaruga rara que atravessou o oceano Atlântico e as águas geladas do Mar do Norte. Dali foi reencaminhada para o Zoomarine, em Albufeira, onde aguarda um voo para regressar ao Golfo do México.

Águas temperadas, clima ameno e os cuidados e atenções de uma equipe do Zoomarine especializada em reabilitação de fauna marinha garantiram, nos últimos dois anos, que a tartaruga Johnny Vasco recuperasse completamente de uma longa travessia que envolveu oceanos e mares gelados.

Em junho de 2009 o Zoomarine foi contatado pelas autoridades holandesas para receber duas tartarugas que tinham dado à costa naquele país.

“A ideia era receber as tartarugas, reabilitá-las e proceder à sua devolução ao mar, mas, à chegada, reparámos que os nossos colegas tinham cometido um pequeno lapso”, contou à Lusa Élio Vicente, biólogo marinho e diretor de Ciência e Educação do Zoomarine.

É que uma das tartarugas era um animal «valiosíssimo do ponto de vista genético», pertencente a uma das espécies mais raras e ameaçadas do mundo, as tartarugas-de-kemp.

Johnny já vinha “batizado” pela equipe holandesa, que cuidou da tartaruga enquanto esteve no zoo de Roterdão, mas em Portugal acrescentaram-lhe Vasco [numa referência ao descobridor português Vasco da Gama], em homenagem à grande travessia que empreendeu, do Golfo do México até ao norte da Europa.

“É muito improvável uma tartaruga destas perder-se, atravessar o Oceano Atlântico, e percorrer as águas frias do Mar do Norte, mas devido às alterações climáticas e às correntes, há animais que cometem erros nas navegações. Ela até pode ter chegado sozinha, mas é um feito extraordinário”, sublinhou o biólogo marinho.

Uma estimativa feita há alguns anos indica que em cada mil nascimentos apenas uma tartaruga-de-kemp chegará à vida adulta.

“Estes animais têm uma característica muito especial: 95% da população mundial desta espécie nasce numa única praia no México, e a sua distribuição está essencialmente confinada ao Golfo do México”, explicou Élio Vicente.

Quando o processo burocrático para tratar do regresso de Johnny Vasco parecia agilizar-se, ocorreu a explosão da plataforma petrolífera da BP, no Golfo do México.

‘Aí tivemos um travão, não político-administrativo, mas técnico. É claro que não íamos enviar o Johnny Vasco de volta para ir para o meio do crude”, concluiu o director do Zoomarine.

Agora que o problema ambiental foi superado, só falta encontrar um voo de regresso, pois “nem todas as companhias aéreas querem assumir a responsabilidade de transportar um animal desta raridade”, observa Élio Vicente, que aguarda esperançoso uma resposta afirmativa de uma companhia aérea portuguesa.

Fonte: Sol

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