O ano de 2022 começou com muitos desastres naturais em todas as partes do mundo. Cientistas alertam para as profundas mudanças climáticas que devemos enfrentar nos próximos anos e para os efeitos do aquecimento global em todos os continentes. As principais vítimas dessas oscilações são os animais.
Espécies responsáveis pela disseminação de sementes estão perdendo a capacidade de migrar para determinadas regiões, que vêm se tornando cada vez mais inabitáveis por conta das mudanças climáticas. Esse fenômeno está sendo acompanhado de perto por cientistas dinamarqueses, que publicaram um estudo sobre o tema na revista científica Science, nessa semana.
“Quando perdemos aves ou mamíferos, não perdemos apenas essas espécies, mas também perdemos sua importante função ecológica, como no caso de alguns animais que são responsáveis por espalhar sementes”, explicou Evan Fricke, da Universidade de Rice à AFP .
O estudo é o primeiro a analisar o transtorno em nível global e as estimativas dos especialistas é que a capacidade de adaptação das plantas às mudanças climáticas já foi reduzida em 60%, por conta da falta da colaboração dos animais para disseminar as sementes.
As espécies de árvores presentes em regiões que se tornaram inóspitas podem, por exemplo, migrar para áreas de maior biodiversidade, mas para isso é necessário que suas sementes sejam levadas de um local para o outro, e isso acontece quase exclusivamente por intermédio de aves e outros animais que transitam por grandes territórios.
Na maior parte dos casos isso só é feito por animais que comem determinados frutos e os defecam em outros lugares. Porém também existe a disseminação feita pela força do vento, que tem uma eficácia bem menor.
Os pesquisadores utilizaram estudos realizados anteriormente para mapear o comportamento de algumas espécies de animais e rastrear os locais de dispersão de sementes. Depois, eles compararam com um mapa que anula o efeito das extinções de espécies causadas pelo homem e a redução de seus territórios. Os resultados obtidos foram surpreendentes.
Eles concluíram que a perda na dispersão de sementes foi mais atenuada nas Américas do Norte e do Sul, Europa e Austrália, apesar de essas regiões terem perdido uma pequena porcentagem das espécies nativas de mamíferos e aves.
Os menores índices foram identificados nas regiões tropicais da América do Sul, África e no Sudeste Asiático. Contudo, esse cenário pode ser mudado rapidamente caso as espécies silvestres tenham um declínio atenuado, como no caso dos elefantes em países da Ásia.
O estudo aponta ainda que os esforços para a proteção da fauna são primordiais para amenizar os efeitos das mudanças climáticas. “A perda da biodiversidade e de espécies silvestres perturbam toda a rede ecológica de uma forma que compromete o equilíbrio de ecossistemas inteiros e, consequentemente, de todo o planeta”, finaliza Fricke.