Com base em um vasto levantamento dos oceanos, pesquisadores da KAUST desenvolveram um modelo que prevê como as mudanças climáticas podem afetar essas populações microbianas.
A temperatura, a disponibilidade de nutrientes e as taxas de mortalidade são três fatores principais que podem influenciar fortemente o número desses organismos simples conhecidos como procariotas planctônicos heterotróficos.
“Há muito tempo me sinto intrigado sobre possíveis relações entre esses três controles primários e se existem ou não padrões sistemáticos”, declarou o professor associado da Marine Science Xosé Anxelu Morán, que liderou a pesquisa.
Embora Morán tenha investigado anteriormente esses fatores em alguns locais oceânicos, a Expedição Global de Circunavigação Malaspina 2010 lhe deu a oportunidade de estender essa análise em todo o mundo.
Durante a expedição, conduzida pelo colaborador de Morán e colega de KAUST, Carlos Duarte, os pesquisadores analisaram amostras de 109 locais diferentes nos Oceanos Atlântico, Índico e Pacífico.
Em cada local, eles quantificaram a massa de procariotas planctônicos heterotróficos e a extensão de reprodução desses organismos. Esses dados permitiram que eles determinassem os efeitos relativos da temperatura e a disponibilidade de nutrientes em populações microbianas, segundo o Phys.
A equipe de Morán também mediu o número de vírus e micróbios maiores que podem matar ou consumir esse plâncton.
Ao analisar as contribuições desses três fatores, uma perspectiva coerente começou a emergir. “Se a disponibilidade de alimentos ou as taxas de predação ou ataque viral estão limitando o crescimento de bactérias planctônicas, a temperatura desempenha apenas um papel menor”, explicou Morán.
“Por outro lado, se as bactérias são liberadas desses dois controles, a temperatura se torna o fator predominante”, completou.
Porém, os pesquisadores também descobriram que havia fatores geográficos importantes responsáveis pelo efeito da temperatura: o impacto do aquecimento deve ser maior em direção aos pólos do que nas águas mais próximas do Equador.
Os ecossistemas oceânicos podem drenar o excesso de carbono da atmosfera, mas Morán aponta que a proliferação de procariotas planctônicos à custa de organismos maiores pode prejudicar esse sequestro de carbono.
Por isso, compreender onde e o quanto essas populações são afetadas pelo aquecimento global terá implicações importantes para o meio ambiente.
Agora, Morán e sua equipe têm examinado como mudanças ambientais impactam o comportamento do crescimento do plâncton de superfície das águas do Mar Vermelho perto de KAUST.