Pesquisadores mapearam o “acordo direcional” entre as correntes da superfície do oceano e as temperaturas da superfície do mar, revelando como esses fatores influenciam na migração de espécies marinhas.
O novo método poderia melhorar a compreensão dos cientistas sobre a dispersão de aves, peixes e até plânctons, pois as mudanças climáticas alteram esses padrões.
Quando as correntes oceânicas se alinham na direção do aquecimento, os pesquisadores descobriram que as espécies se mobilizaram mais rapidamente.
“As forças direcionais externas, como as correntes de água e ar, são um desses processos importantes, mas negligenciados, que agem como esteiras transportadoras facilitando ou prejudicando a dispersão de espécies”, disse Jorge Garcia Molinos, autor principal do Arctic Research Center da Universidade Hokkaido.
“A relação entre o movimento do clima e da água pode oferecer uma visão valiosa para uma melhor compreensão de como as espécies seguem a mudança climática”, acrescentou.
O aumento das temperaturas globais está fazendo com que algumas espécies migrem para novas e mais toleráveis regiões, segundo o Daily Mail.
Isso pode incluir áreas em latitudes mais altas, águas mais profundas ou terrenos mais altos.
De acordo com a pesquisa, essa mudança na migração pode ter implicações para o ecossistema e mesmo para a saúde humana.
No estudo, publicado no Scientific Reports, pesquisadores do Reino Unido e da Alemanha construíram um modelo para 270 turnos de escala de biota marinho.
Para fazer isso, eles planejaram o acordo direcional entre as correntes oceânicas e o aquecimento, revelando as áreas que se ajustaram bem e áreas de “incompatibilidade dramática”.
“Esperávamos que as correntes oceânicas fossem mais influentes na área ‘fria’ de uma série de espécies, onde o aquecimento representa uma oportunidade para a expansão de sua região”, diz Molinos.
“Nessas situações, é um pouco como uma esteira transportadora em um terminal de aeroporto. Se você quiser chegar ao seu portão de embarque e andar nela, se aproxima do portão mais rapidamente do que se apenas permanecer ali passivamente. Se pegar a esteira que vai na direção oposta, precisará caminhar rapidamente ou até mesmo correr para progredir”, acrescenta.
Porém, os pesquisadores descobriram que a combinação entre a corrente oceânica e o aquecimento provocou uma redução inesperada no alcance das espécies.
“Esta foi de alguma forma uma surpresa porque esperávamos que as taxas de contração fossem principalmente impulsionadas pela taxa de aquecimento”, diz o coautor Michael T Burrows.
Os pesquisadores suspeitam que as populações de espécies em águas mais aquecidas sejam naturalmente adaptadas a temperaturas mais elevadas e, como as correntes se alinham ao aquecimento, elas poderiam se misturar cada vez mais com indivíduos que prosperam em águas mais frescas, aumentando a diversidade genética e a adaptação ao aquecimento.
“Nosso estudo sugere como as forças direcionais, como as correntes oceânicas ou aéreas podem influenciar a conexão entre mudanças climáticas e biogeográficas. Nossa simples métrica pode ser usada para melhorar as previsões de mudanças de distribuição e ajudar a explicar diferenças nas taxas de expansão e contração entre as espécies”, disse Molinas.