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Entidades recuperam animais vítimas de maus-tratos

10 de outubro de 2009
5 min. de leitura
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Quem tem um animal sabe a alegria que eles trazem para as nossas casas. Isso se as pessoas souberem como cuidar e respeitar as espécies que não podem ser domesticadas. Algumas entidades lutam pelos direitos dos animais. E, por incrível que pareça, é muito comum encontrar cenas de desrespeito.

Foto: Reprodução/VNews
Foto: Reprodução/VNews

As aves foram impedidas de voar. Um falcão, símbolo de inteligência no mundo animal, não escapou do abuso do ser humano. “Ele teve as penas das asas cortadas. É uma técnica que as pessoas usam para manter esses animais em cativeiro”, explica Daniel Porto de Nogueira, analista ambiental do Ibama de Lorena.

E a história se repete com centenas de bichos. Só no Ibama de Lorena existem quase 900 animais. Todos foram salvos do tráfico ou dos maus-tratos. Os tucanos e outras aves silvestres, por exemplo, não podem ser domesticados. Mas há papagaios e araras retirados da natureza e contrabandeados. Os jabutis também são comuns. A maioria é adotada irregularmente e os cuidados inadequados comprometem a estrutura do casco e a vida da tartaruga.

O macaco-prego, quando é retirado da natureza, não se adapta em ambientes fechados. Quando o tutor percebe o temperamento selvagem, o primata é abandonado e condenado a viver em cativeiro. E só mesmo a conscientização pode resolver isso. É necessário que “as pessoas se neguem a ter animais silvestres em cativeiro”, salienta Daniel.

Foto: Reprodução/VNews
Foto: Reprodução/VNews

Hoje, quem recebe animais silvestres irregulares é principalmente o Ibama, que tem 50 centros de triagem em todo o Brasil. São unidades que recebem cerca de 50 mil animais por ano.

Para cuidar de tantas vidas, a ajuda de voluntários é essencial até para atividades básicas. “Nós nunca tivemos um veterinário, o que quer dizer que temos atendimento veterinário, mas voluntário”, explica Daniel.

Lumoa Cristina Ramos Santos é voluntária e ajuda no dia a dia do centro de triagem de Lorena. “Junto com eles eu tive a conscientização de que a minha casa não é a casa deles, não tem como levá-los para minha casa”, fala.

Foto: Reprodução/VNews
Foto: Reprodução/VNews

Mudam os animais, mas não a realidade. Pepa, Branca e Abu são exemplos da matilha da protetora Judite. Eles chegam abandonados e ficam até aparecer um tutor. “Quando ele vai, eu desocupo o lugar para outro que está precisando”, disse a voluntária. O voluntariado é essencial, já que a proteção aos animais é uma área pouco atendida pelo poder público.

O “Terra, Vida ou Morte” fez um levantamento nas maiores cidades da região: Bragança Paulista, Caraguatatuba, Guaratinguetá, São José dos Campos e Taubaté. Desde o início do ano, três delas não castraram nenhum animal. A boa notícia vem com os números de Caraguá e Taubaté.

Foto: Reprodução/VNews
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No quesito doação, destaque novamente para Taubaté. Já Guaratinguetá conseguiu guarda para apenas seis animais. A prefeitura de Bragança nem sabe responder.

Foto: Reprodução/VNews
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Nos abrigos municipais, nota zero novamente para Bragança, que não tem alojamento para animais. Guaratinguetá está com sete animais do centro de controle de zoonoses. São José dos Campos e Caraguatatuba abrigam 46. E Taubaté 592.

Foto: Reprodução/VNews
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A falta de atendimento é compensada, em parte, por organizações não governamentais, como o Iepa, de São José dos Campos. Nos últimos dois anos a entidade fez mil castrações. Encaminhou para novos lares mais de 4 mil animais desde 2004. A fiscalização também fica por conta do voluntariado, que atende pedidos do Ministério Público. Acompanhamos um dia de trabalho da organização.

O primeiro caso é para atender um chamado comum. Um filhote de passarinho caiu de uma árvore. “O certo é as pessoas verificarem se não é possível colocar de volta no ninho”, disse o biólogo Marcelo Godoy. Partimos então para a fiscalização. A primeira parada é em uma casa onde haveria um cão magro e abandonado. O responsável não mora no local.

Foto: Reprodução/VNews
Foto: Reprodução/VNews

“O cachorro já era do antigo inquilino, então a gente deixa o cachorro aqui, tem a ração dele, tem a água, um lugar protegido e um acompanhamento veterinário, mas as pessoas acham que ele está maltratado por não ter ninguém morando na casa”, explicou o engenheiro, José Ricardo Campos. A equipe vai acompanhar o caso.

Já na segunda visita do dia, más notícias. O cão que o Iepa procurava já não estava mais no local indicado, havia morrido. Na semana de proteção à fauna, vimos que há pouco a ser comemorado. Melhor seria se todos os humanos pudessem enxergar os animais como parte da natureza. Uma natureza que queremos viva.

Fonte: VNews

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