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49 tartarugas aparecem mortas em praias portuguesas

19 de agosto de 2010
3 min. de leitura
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As 49 tartarugas marinhas encontradas mortas nas praias do Algarve, em Portugal, desde 1 de janeiro, estão muito longe de constituir um cenário normal. As autoridades explicam o fenômeno com o aumento das temperaturas da água do mar que terão atraído os animais para perto da costa, e também da pesca e do choque com embarcações.

Foto: DR

Élio Vicente, biólogo marinho do Zoomarine, admite que encontrar 49 animais mortos é “muitíssimo anormal”. “Habitualmente encontramos, por ano, entre seis e oito tartarugas marinhas mortas nas nossas praias. O ano recorde foi 2006, com onze animais”, lembrou ao PÚBLICO. Só nas últimas cinco semanas foram encontradas sem vida 36 tartarugas-bobas (Caretta caretta), a espécie mais comum ao longo da costa portuguesa.

Numa nota divulgada esta tarde, o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) revela que vários dos animais “registram a presença de lesões exteriores, habituais no arrojamento de tartarugas em zonas com atividade pesqueira, por os animais se deixarem prender nas redes de pesca, morrendo antes de ser detectada a sua captura acidental”.

De acordo com o ICNB, este não será um episódio de natureza epidemiológica, antes resultando de uma alteração na zona de distribuição das tartarugas. O “aumento significativo da temperatura da água do mar que se tem verificado durante este verão no Algarve” estará a atrair as tartarugas para a costa. Na verdade, “normalmente as tartarugas não são observadas junto da orla costeira”, constata o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. O padrão de distribuição destas espécies está, assim, a ser alterado, “potenciando a ocorrência de maiores concentrações em zonas onde normalmente o número de animais é mais reduzido”.

O problema é que é junto à zona costeira que se concentram mais ameaças às tartarugas, desde a pesca que as prende, aos plásticos que as sufocam e às embarcações com as quais colidem. É aqui que “a interação com a atividade pesqueira facilmente justifica o número de arrojamentos verificado”, constata o ICNB.

Também as águas costeiras espanholas têm registado um elevado número de tartarugas, “fato sem dúvida associado às elevadas temperaturas da água do mar”. “Em maio/junho, na zona de Doñana (Espanha) foi registado um número anormalmente elevado de tartarugas marinhas vivas com claros sinais de terem sofrido impacto pelas atividades humanas”, conta.

O ICNB adianta que no caso de surgirem mais animais mortos nas praias, estes serão recolhidos para a realização de necropsias, a fim de determinar a causa da morte.

Para “despistar toda e qualquer possibilidade”, esta semana o instituto iniciou o recolhimento de amostras específicas para despistagem de patologias de origem vírica e bacteriana.

O arrojamento das tartarugas está sendo acompanhado pelo ICNB em articulação com as autoridades marítimas locais, Zoomarine e Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem. De acordo com os dados recolhidos nos últimos dias, o instituto afirma que é possível que nos próximos dias os índices de mortalidade regressem à normalidade.


Com informações do Público

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