(da Redação)
A legislação espanhola que designa a tourada como parte da “herança cultural digna de proteção” foi aprovada na semana passada por um comitê de cultura do Congresso e vai à votação no Senado ainda neste mês.
A mudança vai criar medidas e permitir que fundos públicos sejam utilizados para promover e proteger as touradas e atividades relacionadas em toda a Espanha, tais como as corridas de touros. As informações são da Global Animal.
Uma coalizão de grupos internacionais de proteção animal imediatamente se pronunciou, criticando o projeto de lei e a aprovação do uso de fundos públicos para a “crueldade animal inaceitável”:
“O governo da Espanha sinalizou seu apoio à crueldade animal inaceitável e o subsídio de recursos públicos para patrocinar o esporte sangrento”, dizia um comunicado assinado por diversos grupos incluindo o PETA, a Humane Society International e a Sociedade Mundial de Proteção aos Animais.
“Este movimento é uma tentativa cínica da desesperada indústria das touradas para assegurar o futuro desse empreendimento de morte. Touradas são cruéis e ultrapassadas, e não têm mais lugar em uma sociedade moderna; a cultura termina onde começa a crueldade”, continuou o texto.
A lei foi introduzida pelo conservador Partido Popular (PP), que tem maioria no Parlamento, e passou pelo comitê no Congresso por 24 votos contra 6, com 14 abstenções.
Tentativas de emendas por partidos menores da oposição foram rejeitadas pelo PP, e o principal partido opositor socialista, o PSOE, absteve-se de votar argumentando que não cabe a políticos “proibir ou promover” touradas.
Não se esperava que a nova legislação revogasse as proibições de touradas introduzidas por governos regionais das ilhas Canário e da Catalunha.
A indústria das touradas foi atingida pela crise econômica com muitas prefeituras sem verbas para custear as suas festas anuais, e também devido à queda no número de espectadores.
Uma pesquisa recente mostrou que 76 por cento dos espanhóis são contra uso de dinheiro público para apoiar touradas.
Philip Mansbridge, CEO da Care in the Wild International, chamou a nova lei de “embaraço motivado por razões financeiras e não culturais”.
“Quando a Espanha irá aprender que a cultura não pode ser desculpa para a crueldade? A Espanha é um belo país mas isto é uma vergonha. É uma tentativa de desviar o ataque às touradas e de conseguir mais que os 130 milhões de euros por ano em subsídios que a União Europeia já obtém dos nossos impostos.
Enquanto o mundo se move contra a crueldade animal, o governo da Espanha está se segurando ao passado cruel por razões financeiras e não culturais”, disse ele.