A pecuária ocupa 75% das áreas desmatadas em terras públicas não destinadas na Amazônia, revelou o estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) publicado na última terça-feira (26/10).
Em pouco mais de duas décadas, entre 1997 e 2020, foram desmatados 8% das florestas públicas existentes da Amazônia Legal, um total de 21 milhões de hectares. A área devastada neste período é maior que o estado do Paraná.
A emissão de gases estufa associada é de 10,2 giga toneladas de CO2, correspondendo a cinco anos de emissões brasileiras.
A pecuária é responsável pela emissão de 32 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, mais da metade de todas as emissões de gases do efeito estufa do mundo. Anualmente, 56 bilhões de animais são mortos para consumo. A pecuária é responsável por 80% do desmatamento da Amazônia e é a principal causadora dos mudanças climáticas.
“A grilagem [de terras para pastagem] é um fator de risco para o equilíbrio climático do planeta, e ainda carrega para o setor da pecuária dois problemas: ilegalidade e mais emissões de gases do efeito estufa”, diz o pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho.
Também de acordo com ele, “uma economia verdadeiramente de baixo carbono no Brasil precisa passar por uma análise ampla sobre o impacto das cadeias produtivas no agravamento do efeito estufa”, completou alertando para a situação emergência climática em curso em todo o mundo.
A análise do IPAM destaca, sem sequência, que 44% do desmatamento nos dois últimos anos (2019 e 2020) na Amazônia ocorreu em terras públicas.
Terras indígenas e unidades de conservação, ainda que sob intensa pressão, mostram os menores índices de desmatamento: somente 1% e 2% de suas áreas totais, respectivamente, foram convertidas para outros usos. Já a conversão da floresta em pasto é regra em terras devolutas e florestas não destinadas, muitas vezes seguida por um Cadastro Ambiental Rural (CAR) irregular, numa tentativa de emular posse da terra para venda ou para usufruto.