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O impacto ambiental da carne é muito maior do que o da ervilha

20 de outubro de 2021
Elys Marina | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Fabio Nascimento

A pecuária é responsável pela emissão de 32 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, mais da metade de todas as emissões de gases do efeito estufa do mundo. Anualmente, 56 bilhões de animais são mortos para consumo. A pecuária é responsável por 80% do desmatamento da Amazônia e é a principal causadora dos mudanças climáticas. Comer carne está literalmente destruindo o planeta, causando a extinções de espécies da fauna e flora e ocasionando o surgimento de zoonoses.

Dessa forma, em qualquer situação a criação de animais para consumo em grande quantidade, que corresponde à uma grande procura da população, é ineficaz. A análise consciente e mais simples e realista em relação a essa questão parte do seguinte fato: “Não seria mais prático consumir vegetais em vez de animais? Já que demandam menos recursos, menos terra e menos água.”

Um exemplo básico da insustentabilidade da agropecuária é que a soja, que é o vegetal mais produzido e exportado pelo Brasil, tem a maior parte de sua produção designada a alimentar animais criados para consumo, mais de 70%, conforme dados da Aprosoja. E não por acaso, é o vegetal mais associado à derrubada de mata nativa no Brasil, o que motivou a criação da controversa Moratória da Soja.

Esse volume da produção da leguminosa é transformada em ração, estimulando toda uma cadeia de produção de bois, porcos e aves. Para se ter uma básica noção, só um boi ou vaca pode receber até três quilos diários de farelo de soja em sua dieta.

Por outro lado, um estudo publicado na revista Science pelo pesquisador Joseph Poore, da Universidade de Oxford, indica que, por grama de proteína, a carne, tem um impacto ambiental 113 vezes maior do que o da ervilha.

Isso também esclarece o por que hoje a ervilha é um dos ingredientes preferidos dos fabricantes que desenvolvem produtos à base da leguminosa e o possibilita como alternativa muito mais sustentável em comparação com a carne.

Nos dias atuais, embora a Organização das Nações Unidas (ONU) não esteja exatamente envolvida em promover de forma mais clara uma dieta à base de vegetais, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) já enfatizou diversas vezes que pelo menos 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa tem origem da agropecuária.

E no que se refere a todo o sistema alimentar, a predominância de impacto ambiental negativo das proteínas de origem animal é insuperável chegando a 57% das emissões totais de carbono, conforme estudo publicado em setembro na revista científica Nature Food.

E outro estudo publicado em 2019 no periódico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (Pnas), a carne gera 35 vezes mais impacto ambiental do que os vegetais, levando em consideração toda a cadeia produtiva e todos os indicadores.

A pesquisa denominada “Multiple health and environmental impacts of foods”, e executada por David Tillman, Jason Hill, Marco Springmann e Michael A. Clark, da Universidade de Oxford e Universidade de Minnesota, ressalta que uma porção de 50 gramas de carne vermelha gera 20 vezes mais emissões de gases do efeito estufa e, dependendo do sistema de produção, até 100 vezes mais uso da terra do que uma porção de 100 gramas de vegetais.

Não é necessário se esforçar para entender que dispor de grandes áreas para a produção de alimentos para animais é um desperdício. Afinal, temos condições de parar de criar animais e utilizar menos áreas para aprimorar com mais excelência e qualidade a produção de vegetais e proteínas de origem vegetal.

Em um mundo com uma população atual de 7,8 bilhões, e onde dezenas de animais são mortos para consumo por ano, não há como não perceber o quanto isso é surpreendente, e não de forma positiva.

Se na atualidade os números são esses, quantos recursos naturais a agropecuária exigirá se a criação de animais para consumo continuar crescendo nas próximas décadas?

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) calcula que será necessário ampliar em 70% a produção de alimentos até 2050 em comparação com 2009 para atender a demanda. Não podemos ignorar que hoje o crescimento do desmatamento já está associada à demanda por carne e por maior volume de soja para alimentar animais criados para serem assassinados e consumidos. Não resta dúvida de que uma mudança de consciência e de hábitos é urgente.

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