O relatório afirma que o desmatamento é tanto um dos principais responsáveis nas mudanças climáticas no mundo como no Brasil. Em relação ao cenário global, é citado outro relatório, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que fala sobre os efeitos negativos do desmatamento no clima mundial.
Os autores do estudo No Rain on the Plain, Peter Elwin e Christopher Baldock, dizem que há uma tendência no aumento das temperaturas, o que em geral está impactando negativamente a vida das pessoas e em outros aspectos, como econômicos.
“Há um aumento da probabilidade de dias com temperaturas extremas (impactando a saúde humana, safra, viabilidade e produtividade do trabalhador em todas as indústrias, não apenas na agricultura).”
Os autores também destacam sobre as dificuldades que o Brasil provavelmente irá enfrentar em relação a redução e as mudanças nos ciclos de chuvas.
“Além de reduzir a quantidade de chuvas, o desmatamento contínuo pode encurtar ainda mais a estação das chuvas, ameaçando a produtividade das safras e colocando pressão sobre o sistema de dupla safra que aumentou significativamente a produtividade agrícola do Brasil nos últimos anos”.
“No estado de Rondônia, o início do período de chuvas mudou nas últimas três décadas. No entanto, onde não ocorreu forte desmatamento, o início do período não mudou significativamente.”
Com o fluxo de chuvas alterado e reduzido, o desmatamento coloca em risco o abastecimento dos rios, o que consequentemente reduz o abastecimento de água, a geração de energia hidrelétrica e as exportações por transporte fluvial.
O relatório trata também sobre a falta de cumprimento da Moratória da Soja, acordo que requisita o fim da obtenção de soja em áreas ilegais desmatadas.
“Os investidores devem continuar apoiando a Moratória da Soja na Amazônia e devem exercer pressão para estabelecer semelhantes acordos que cobrem outros biomas ameaçados, como o Cerrado brasileiro.”
O desmatamento na Amazônia vem afetando o processo de evapotranspiração, o que diminui os índices de chuva, importantes para manter intacta a produção agrícola. Mesmo que a curto prazo pareça uma boa ideia desmatar, a longo prazo afeta negativamente as atividades agrícolas no Brasil.
“As florestas são um componente-chave nos ciclos de água, carbono e energia, então desempenham um papel na regulação do clima local e regional”, frisam os autores.
“As florestas da Amazônia e do Cerrado são tão vastas que têm um impacto muito significativo nos padrões climáticos regionais e são fontes essenciais de água para os rios na América do Sul, particularmente para a Bacia do Rio da Prata.”
O relatório “No Rain on the Plain” traz um artigo dos pesquisadores Thomas Lovejoy e Carlos Nobre, publicado na revista Science, que mostra as graves mudanças na Amazônia que podem suceder a partir do desmatamento de 20-25% do bioma, culminando em um ecossistema próximo ao de uma savana, e não mais de uma floresta tropical. Esta “savanização” do bioma pode infligir muito negativamente a economia brasileira, segundo esta outra publicação.
“Há uma forte probabilidade de que novas atividades de desmatamento irão encurtar a estação chuvosa e reduzir a precipitação no Brasil, tornando muito provável que a produção de soja (e outras culturas, como milho) caiam nas áreas já cultivadas.”
O relatório indica que o desmatamento irá impulsionar as mudanças climáticas de áreas como o Mato Grosso e Matopiba – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, locais importantes para a agricultura.
“Portanto, preservar a Amazônia não é apenas essencial para a saúde da humanidade em geral. O Brasil também tem um forte motivo para conter o desmatamento, já que não fazer isso provavelmente prejudicará suas receitas de exportação e a subsistência dos agricultores brasileiros.”