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Dietas baseadas em vegetais são cruciais para salvar a vida selvagem global

Círculo vicioso de alimentos baratos porém prejudiciais é o maior destruidor da natureza, diz relatório apoiado pela ONU,Círculo vicioso de alimentos baratos porém prejudiciais é o maior destruidor da natureza, diz relatório apoiado pela ONU,Círculo vicioso de alimentos baratos porém prejudiciais é o maior destruidor da natureza, diz relatório apoiado pela ONU

20 de fevereiro de 2021
Giovanna Barboza | Redação ANDAGiovanna Barboza | Redação ANDAGiovanna Barboza | Redação ANDA
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Imagem de brócolis e cenoura
Foto: Pixabay

O sistema global de alimentos é o maior meio de destruição do mundo natural, e uma mudança para as dietas baseadas em vegetais é crucial para parar o estrago, de acordo com o relatório.

Agricultura é a principal ameaça para 86% das 28.000 espécies conhecidas por serem ameaçadas de extinção, disse o relatório da Thinktank Chatham House. Sem mudanças, a perda da biodiversidade continuará a acelerar e a ameaçar a capacidade do mundo de sustentar a humanidade, disse o relatório.

A raiz do problema é o círculo vicioso de alimentos baratos, onde os baixos custos geram uma maior demanda por alimentos e mais desperdício, com mais competição, em seguida direcionado os custos ainda mais baixos através de mais desmatamentos de terras naturais e uso de fertilizantes poluentes e pesticidas.

O relatório, apoiado pelo programa de meio ambiente da ONU (Unep), focado em três soluções. A primeira é uma mudança para dietas baseadas em vegetais, porque o gado, ovelhas e outros animais têm a maior influência no meio ambiente. Mais de 80% das terras agrícolas globais são usadas para criar animais, que fornecem apenas 18% das calorias ingeridas. Revertendo a tendência de aumento de consumo de carne remove a pressão para limpar novas terras e mais danos à vida selvagem. E também libera terras existentes para a segunda solução, restaurar ecossistemas nativos para aumentar a biodiversidade.

A disponibilidade de terras também sustenta a terceira solução, disse o relatório, que é a agricultura em uma forma menos intensa e prejudicial mas aceitando rendimentos mais baixos.

Rendimentos orgânicos são em média cerca de 75% daqueles da agricultura convencional intensiva, foi dito.

Consertando o sistema global de alimentos também enfrentaria as crises climáticas, disse o relatório. O sistema de alimentos causa aproximadamente 30% de toda emissão de gases de efeito estufa, com mais da metade vindo de animais. Mudanças na produção de alimentos poderia também lidar com os problemas de saúde sofridos por 3 bilhões de pessoas, que também muito pouco para comer ou sofrem de sobrepeso ou obesidade, e que custam trilhões de dólares por ano em cuidados em saúde.

“Políticos ainda dizem ‘meu trabalho é tornar a comida mais barata para você’, não importa o quão tóxico seja do ponto de vista planetário ou da saúde humana”, disse o professor Tim Benton, na Chantam House. “Devemos parar de argumentar que temos que subsidiar o sistema alimentar em nome dos pobres e, em vez disso, ajudar os pobres tirando-os da pobreza.”

Benton disse que o impacto do sistema alimentar no clima e na saúde estava se tornando amplamente aceito, mas a biodiversidade era frequentemente vista como “boa de se ter”.

Susan Gardner, diretora da divisão de ecossistemas da Unep, disse que o sistema alimentar atual era uma “faca de dois gumes” provendo alimentos baratos, mas sem levar em conta os custos ocultos para a nossa saúde mental e nosso mundo natural. “Reformar o jeito que nós produzimos e consumimos comida é uma prioridade urgente”, disse ela.

Jane Goodall, uma renomada conservacionista, disse que a agricultura intensiva de bilhões de animais prejudica seriamente o meio ambiente e as condições desumanas de superlotação trazem o risco de novas doenças pandêmicas se propagando para as pessoas: “Devia ser eliminado o mais rápido possível”.

Na semana passada, uma crítica histórica do professor Sir Partha Dasgupta concluiu que o mundo estava sendo colocado em risco extremo pelo fracasso da economia em levar em conta o rápido esgotamento da biodiversidade.

O relatório da Chantam House disse que o mundo perdeu metade dos ecossistemas naturais e que o tamanho médio da população de animais selvagens caiu em 68% desde 1970. Em contraste, animais de criação, a maioria vacas e porcos, agora respondem a cerca de 60% de todos os mamíferos por peso, com humanos constituindo 36% e animais apenas 4%.

Reformando o sistema global de alimentos: “a convergência do consumo global de alimentos em torno de dietas predominantemente baseadas em vegetais é o elemento mais crucial”, disse o relatório. Por exemplo, foi dito que a mudança de carne para feijão pela população dos Estados Unidos liberaria campos equivalentes a 42% das terras cultiváveis dos Estados Unidos para outros usos como reflorestamento ou agricultura mais ecológica.

Em outro exemplo, o relatório disse que se a pastagem permanente ao redor do mundo que uma vez já foi floresta fosse retornada ao seu estado nativo, armazenaria 72 bilhões de toneladas de carbono – aproximadamente equivalente a sete anos de emissões globais de combustíveis fósseis. Benton disse que o relatório não estava advogando que todas as pessoas deveriam se tornar veganas, mas que deveriam seguir dietas saudáveis que são, como resultado, muito mais pobres em carne.

O próximo ano oferece uma oportunidade potencialmente única para redesenhar o sistema alimentar global, Benton disse, com as principais cúpulas da ONU sobre biodiversidade e clima, assim como a primeira Cúpula Mundial de Sistemas Alimentares da ONU e uma cúpula internacional de Nutrição para o Crescimento. As grandes somas gastas pelo governo à medida que os países se recuperam da pandemia do Covid-19 também providenciam oportunidades para “formulação de políticas que concedam igual prioridade à saúde pública e planetária”, disse o relatório.

Philip Lymbery, na Compassion in World Farming, disse: “O futuro da agricultura deve ser amigável com a natureza e regenerativo, e nossas dietas devem se tornar mais baseadas em vegetais, saudáveis e sustentáveis. Sem acabar com a agricultura industrial, corremos o risco de não ter futuro”.

 

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