A presença de microplástico nos mares é tamanha que já supera a quantidade de estrelas na galáxia, destaca em comunicado o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antônio Gutérres.
De acordo com dados divulgados pela ONU, 80% de todo o lixo marinho é composto por plástico. A estimativa é de que em 2050 a quantidade de plásticos na água supere a de peixes. Segundo o Greenpeace UK, anualmente são despejados nos oceanos aproximadamente 12,7 milhões de toneladas de plástico, desde garrafas e sacolas até canudos. As informações são da Revista Casa e Jardim.
Idealizadora do blog “Um ano sem lixo”, a designer Cristal Muniz lembra que os principais afetados pela poluição marinha são os animais. Muitos deles ficam presos em resíduos plásticos, outros consomem o plástico ao confundi-lo com alimento. As duas situações geram mortes.
Dentre as iniciativas possíveis de serem levadas adiante, Cristal indica a utilização de produtos circulares – que podem ser reutilizados e reciclados sem que se tornem lixo após o uso; a criação de uma legislação que proíba a fabricação de plásticos descartáveis, por corresponderem a cerca de 40% de todo o plástico produzido; a liberação de incentivos fiscais para o desenvolvimento e a pesquisa de plásticos que não sejam provenientes do petróleo, mas sim compostáveis e biodegradáveis; o aprimoramento de sistemas de coleta e reciclagem nos municípios; a criação e o incentivo a sistemas de compostagem nas cidades e a proibição da produção de tudo aquilo que não é passível de reciclagem ou compostagem. Além disso, Cristal incentiva a população a viver de forma a produzir menos lixo.
Reciclável, orgânico e de rejeito
O lixo pode ser dividido entre reciclável, orgânico e de rejeito. Reciclável é aquele que pode ser transformado em um novo material utilizável – no caso do plástico, muitos não se enquadram nesta categoria, como canudos e sacolas. Orgânico é o lixo que deveria ser compostado, isso é, transformado em adubo. De rejeito são produtos que não podem ser reciclados ou compostados – como adesivos, papel higiênico, absorventes e fraldas descartáveis.
O Brasil, entretanto, vivencia diversos problemas em relação ao lixo. Apenas 18% das cidades brasileiras têm coleta seletiva e mesmo as que possuem o serviço, no momento da separação, costumam dividir o lixo apenas entre reciclável e de rejeito, excluindo a possibilidade da compostagem.
Sem que seja reaproveitado por meio da transformação em adubo, o lixo orgânico é, então, direcionado ao aterro sanitário – local para onde apenas o lixo de rejeito deveria ser enviado. No aterro, a decomposição dos resíduos orgânicos é realizada de forma inadequada, isso porque o ambiente é anaeróbico, ou seja, não tem a presença de oxigênio.
Outro problema é o fato de que esses aterros contribuem para o aumento no risco de contaminação da água e do solo e geram produção de gás metano, um dos responsáveis pelo agravamento do efeito estufa.
“Produzir lixo orgânico que vai para o aterro sanitário é tão ruim quanto produzir lixo reciclável que não vai pra reciclagem”, conclui Cristal.