Por Vinicius Siqueira (da Redação)
Os ratos são animais normalmente considerados “repugnantes”, algumas vezes renegados à “vilões” no mundo animal e praticamente ignorados pelos humanos em diversos países. Talvez essa seja a explicação para a exploração brutal que restaurantes vietnamitas têm praticado na “temporada de caça aos ratos” no país. As informações são do Daily Mail.
A carne de rato tem sido considerada um prato especial há anos no Vietnã e sua demanda cresce rapidamente, indo além de seus consumidores típicos no norte do rio Vermelho e ao sul do rio Mekong. Os fazendeiros aproveitam a temporada de colheita de arroz e caçam ratos inescrupulosamente, os retiram de suas tocas e os matam para vender em mercados, onde o quilograma pode custar de 9 a 11 reais.
Durante a temporada de cheia do rio Makong, os ratos tentam escapar de seus lares tomados pelas águas do rio. O aumento do nível do rio é, então, o momento escolhido pelos caçadores para capturar e matar estes animais, exatamente quando estão mais indefesos.
Não é a falta de alimentos que faz da carne de rato tão cobiçada, há um motivo especial que impulsiona e tenta justificar seu consumo: propriedades medicinais. Segundo matéria na ABC News, fazendeiros acreditam que a sopa deste animal é um potente medicamento contra problemas nas costas.
Ratos, assim como qualquer outro animal, também são seres vivos sencientes com direito à vida, ao respeito à sua integridade física e psicológica, assim como com direito a viver em seu habitat com liberdade de exercer seus instintos.
Haver uma temporada de caça, mesmo que informal, impulsionada pelas cheias dos rios da região, e uma rede de restaurantes que colocam em seu menu a carne de rato pode ser o primeiro indício para o nascimento de uma “indústria” de carne de rato.
Se os ratos são caçados quando estão mais vulneráveis, capturados de seu habitat e mortos friamente para o consumo humano, não é difícil imaginar que o aumento da demanda desta carne possa iniciar uma criação e reprodução em massa de ratos, especificamente para este fim. Assim como galinhas, vacas, porcos, coelhos e, como já publicado pela ANDA, baratas também são vítimas desta objetificação sem tamanho de suas vidas.
Não se trata, então, de denunciar o consumo de um animal “estranho”, mas de denunciar o consumo de mais um animal. De denunciar a exploração de mais um ser senciente que sofre, que luta desesperadamente por sua vida e que é vítima de inúmeros preconceitos que o associam à sujeira, portanto, àquilo que deve ser eliminado.
Este tipo de preconceito faz parecer que os ratos da cidade vivem em esgotos e lixos somente porque querem e que, por sua vez, a mão humana não tem a menor responsabilidade por isso.
Resta esclarecer rapidamente que a espécie mais comum, mais popular e, provavelmente, a maior vítima de preconceito, o Rattus norvegicus, é originário do norte da China e foi espalhado para o mundo devido às grandes embarcações do século 18. Hoje, esta espécie pode ser encontrada em quase todos os continentes, menos na Antártica. O parente próximo deste rato é aquele largamente abusado em testes científicos, o “rato branco”.
As imagens mostram um cão sendo explorado para a caça aos ratos. Gatos também são utilizados como ferramentas para a caça destes animais, o que demonstra uma sucessão de atos violentos contra estas espécies, instrumentalizadas para serem caçadores de outros animais tão prejudicados por tradições, hábitos ou traços da cultura humana quanto eles.