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ESTUDO

Cosméticos testados em animais não são mais seguros para humanos

O teste de produtos cosméticos realizados em animais tem ganhado cada vez mais visibilidade nas pautas ambientalistas e do veganismo

29 de janeiro de 2022
Felipe Cunha | Redação ANDA
6 min. de leitura
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Ecycle | Pixabay

A prática industrial dos cosméticos que envolvem os animais para testes são extremamente criticadas pelos movimentos ambientais e veganos devido à crueldade animal em sua produção. Tais testes surgiram a partir de 1937 e desde então o modo de produção tem sido cada vez mais questionado.

A prática desses testes em animais por indústrias dos cosméticos ocorreu após a morte de dez crianças e adultos que faleceram devido ao consumo de um líquido antibiótico que não foi testado, iniciando, então,  uma discussão sobre a regulamentação de testes de produtos e fármacos.

A Instituição Federal norte-americana chamada Food and Drug Administration (FDA) fez uma declaração de que todos os fármacos e cosméticos deverim passar por testagem antes da comercialização para prevenção de mortes e problemas de saúdes aos consumidores.

Após a decisão da FDA, a venda dos produtos de cosméticos testados em animais ganharam força pelo mundo e passou, consequentemente, a utilizar, torturar e explorar milhões de animais em prol da comercialização.

Contextos dos países que testam em animais são diferentes

O cenário da indústria cosmética que realiza teste em animais diferencia de um lugar para o outro. Enquanto alguns países banem parcialmente ou completamente o uso dos animais em testes dos produtos, outros exigem essa cruel prática ou se mostram indiferentes.

A China, por exemplo, antes de 2021, continha severas leis a respeito das testagens em animais, exigindo, que toda comercialização de cosmético fosse testada, incentivando, portanto, ao aumento de empresas que realizassem essa prática.

A partir de 2021, o país da Ásia oriental modificou algumas de suas leis a respeito do uso de cosméticos no mercado nacional, permitindo um espaço de discussão pautada na necessidade de fabricação e comercialização dos produtos não serem testados nos animais. Com isso, as novas exigências passaram a afirmar que as empresas não precisam ter cosméticos que realizem testes em animais se conseguirem prover informações suficientes que comprovam a segurança do produto.

Divisão de marcas

Sobre os países que baniram a produção de cosméticos que testam em animais, tem a Inglaterra como pioneira, em 1998. Já em 2013, a União Europeia fez um acordo e declarou que todos os países membro deveriam banir produtos testados em animais no mercado. Tal acordo fez com que marcas entrassem em tensão, pois se quisessem comercializar para  China, precisavam testar em animais, mas não poderiam fazer o mesmo se quisessem vender na Europa.

O exemplo da Europa influenciou e culminou com que outros países aderissem à causa. Atualmente há cerca de 41 países que proíbem totalmente a venda de produtos cosméticos que testam em animais. Além deles, outras nações já trabalham com a redução da indústria desses produtos.

Segundo informações Ecycle, o Brasil é um desses países. Apesar de não banir cosméticos que testam em animais de forma geral, o país já trabalha com a proibição em diversas de suas unidades federativas. Os Estados Unidos também passam por cenário parecido.

Modo de produção de marcas que realizam testes

Veganagente | Pixabay

Ratos, camundongos, coelhos e porquinhos-da-índia são os animais mais explorados dentro da prática da indústria cosmética que realizam testes. Por muito tempo os testes também eram realizados com gatos e cachorros.

A crueldade animal é tamanha quando no processo do teste os animais são cobaias cuja finalidade é determinar a toxicidade, potencial alérgeno, irritabilidade do produto, além deles serem obrigados a ingerirem os produtos e terem a aplicação da mercadoria em sua pele ou em seus globos oculares.

Segundo dados da instituição Cruelty-Free International, a testagem dos produtos depende muito de qual animal está sendo utilizado.

O modo de testagem nos porquinhos-da-índia envolve a raspagem de seus pelos de serem banhados com compostos químicos. Depois disso, os especialistas analisam para ver se existe alguma reação alérgica no animal.

Já com os ratos, os cosméticos testados são usados através da inalação ou consumo do químico. Os ratos podem passar até três meses sofrendo com o uso contínuo desses produtos. As fêmeas prenhas são mortas ainda antes de dar à luz depois de 21 dias.

Os camundongos passam pelas mesmas crueldades que ratos e porquinhos-da-índia, mas em suas orelhas.

Por fim, os coelhos passam pelo contato com os mesmos compostos que os outros animais. No entanto, por serem mais resistentes, os coelhos acabam passando por essas torturas por aproximadamente 28 dias a três meses. Coelhas fêmeas prenhas são mortas depois de serem testadas.

Mito sobre necessidade de teste em animais

Em média, em todos os anos, cerca de 115 milhões de animais sofrem de maus tratos pelas indústrias de cosméticos, crueldade essa que poderia ser evitado.

A verdade é que não precisam existir cosméticos testados em animais pois foi cientificamente comprovado que as espécies reagem de maneira diferente a vários tipos de químicos comparado com os humanos.

Ainda segundo o site Ecycle, cosméticos que testam em animais não são necessariamente seguros para pessoas. Logo, é necessário buscar uma forma mais eficiente e humanizada de realizar as testagens necessárias.

Existem testes não-animais que possibilitam uma venda segura de produtos cosméticos. Como o uso de réplicas de partes do corpo humano feitas a partir da união de células humanas com impressoras 3D, sendo mais seguro e menos cruel testar dessa forma do que, por exemplo, na córnea de um animal.

Há empresas de cosméticos que trabalham com produtos sem cometer exploração e crueldade animal através de meios de testagem não-animal.

Marcas que testam em animais e como identificá-las

Para saber como identificar produtos testados em animais é preciso estar atento aos selos e informações no produto. Ao todo, existem três instituições responsáveis por determinar se um cosmético não tem crueldade animal em sua produção. Elas são:

O portal Ecycle informa que “O selo de cruelty-free é reconhecido pelas instituições apenas quando são analisados documentos legais, documentos extras de seguro e condições de testes nas fábricas da empresa. Os sites das instituições que legalizam os selos contém dados de todas as marcas que não trabalham com cosméticos que testam em animais”.

Se na embalagem no produto não vir com o símbolo de cruelty-free, entre em contato com a empresa do cosmético e a questione a respeito.

Além disso, existem produtos que não são testado em animais porém conter produtos de origem animal, como o leite.

Marcas de cosméticos que testam em animais:

  • Chanel
  • L’Oreal Paris
  • MAC
  • Armani
  • Mary Kay
  • Dolce & Gabbana
  • Dior
  • Sephora
  • Burberry
  • Fendi
  • Versace
  • Vera Wang
  • Colgate

Produto que testam em animais quando a lei obriga 

  • Unilever
  • Revlon
  • Tom Ford
  • Johnson & Johnson
  • Oral-B
  • Nivea

“Salve O Ralph”

O curta-metragem “Salve o Ralph” conta a história de um coelho é explorado por uma empresa de cosméticos. Na trama do curta é evidenciado como acontecem os testes. O intuito da produção audiovisual, dirigido por Spencer Susser, é mostrar para as pessoas o sofrimento enfrentado por esses animais.

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