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Do simpósio sobre zoos na USP

29 de junho de 2015
18 min. de leitura
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No dia 24 de maio de 2015 participei de um simpósio na USP cujo tema era “O papel de zoológicos e aquários na conservação”. Fui convidado para o evento para palestrar sobre o tema “A conservação pelo olhar de um santuário de animais selvagens”, e assim poder proporcionar ao público, especialmente estudantes, uma visão em relação aos santuários de animais, pouco conhecidos de maneira geral. De modo geral considerei as pessoas, tanto os organizadores quanto a plateia, interessados e receptivos às ideias.
Embora após o evento algumas pessoas tenham me escrito para perguntar como havia ocorrido limitei-me a dizer que havia “ocorrido conforme o esperado”. Eu não pretendia escrever a respeito dos pontos negativos ocorridos durante o evento porque entendo que a hostilidade que recebi se originou de uma pessoa, ou de algumas poucas pessoas, e que tal atitude depôs muito mais contra essas pessoa do que contra mim ou minha defesa.
Penso que o apoio que recebi dos organizadores e de grande parte da plateia, pessoas que provavelmente não concordavam totalmente com meus pontos (mas eu nem esperava por isso), tornaram o evento bastante positivo, embora muito desgastante.
Eu não pretendia escrever a respeito porque na minha opinião “o que se faz em um evento, fica no evento”. Logo após os incidentes terem se dado pessoas que nada tinham a ver com o caso vieram se desculpar comigo, afirmando sentir vergonha alheia. Não apenas pessoas ligadas à organização do simpósio, mas estudantes que estavam ali apenas para escutar e tirar suas próprias conclusões.
Também não escreveria porque a pessoa que me hostilizou fez, posteriormente, uso da palavra para me pedir desculpas em público, embora mesmo isso tenha feito em tom agressivo. Se desculpou dizendo que gostaria de ter voado em meu pescoço, o que sinceramente não penso que tenha passado despercebido por nenhum dos presentes. Não pretendia escrever porque uma vez que desculpamos, está desculpado.
E eu sinceramente entendo que uma pessoa se ponha nervosa quando uma atividade para a qual se dedica, e de onde tira seu sustento, é questionada em suas bases. A mesma hostilidade já recebi vinda de vivissectores, peões de boiadeiro, donos de circos que utilizam animais, pecuaristas, etc. Eu realmente entendo que essas pessoas considerem a oposição às suas atividades como uma afronta pessoal. Mas eu não busco afrontar ninguém, apenas coloco os direitos animais acima do direito que algumas pessoas pensam ter de explorar animais.
É natural que a moral da sociedade evolua e, entre outras mudanças, a população passe a questionar a exploração animal, de modo que esta seja cada vez menos bem vista. Meus textos e palestras não tem a pretensão de serem agentes de mudança, eles quanto muito catalisam um processo inevitável que de qualquer forma ocorreria (se é que fazem tanto).
Muitas vezes, nas conversas informais com pessoas que sequer tem relação com a causa animal, percebo que a população ganha essa consciência independente de campanhas e protestos promovidos por ativistas dos direitos animais. Creio que o reconhecimento dos direitos animais seja um processo que de qualquer forma ocorreria. Não quer dizer que não devamos promover a ideia, mas ainda que não o façamos, é uma tendência natural que as pessoas transitem nesse sentido.
Tão somente resolvi escrever a esse respeito, não por indelicadeza, mas porque recebi no dia 12/06/2015 um print screens de postagens do Facebook realizadas pela pessoa que mais faltou com a educação durante o evento, falando em meu nome e citando o ocorrido no evento. O Print encontra-se abaixo:
print
Em outra postagem vemos conteúdo de teor semelhante: “Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil Roberto Parente, estivemos em uma mesa redonda com o autor deste texto, que não apresentou sequer um argumento consistente e afirmou que não visita um zoo há 18 anos, ou seja…não sabe do que está falando.”
Por outras postagens e textos oriundos da mesma fonte vemos que o apelo às falácias lógicas e aos termos esdrúxulos são uma constante dessa pessoa, mas não é sobre isso que pretendo escrever.
Eu não acesso o Facebook com frequência. Em minha vida percebi uma correlação positiva entre maior acesso ao Facebook e aumento de infelicidade, provavelmente por razões distintas daquelas verificadas no estudo conduzido por grupo da Universidade de Michigan e da Universidade de Leuven.
O Facebook é um lugar prazeroso para se estar e aumentar nosso círculo social, mas também é um local onde nos forçamos a ter de tolerar a falta de educação e deturpações do pensamento de pessoas que, em outras circunstâncias, até poderíamos gostar. Não preciso disso.
Mas ao mesmo tempo não acessar significa depender que outras pessoas que estejam atentas nos informem sobre atividades que nos digam respeito. E nesse sentido tenho que agradecer aos meus amigos fiéis, que mesmo em minha ausência do Facebook estão sempre me remetendo Prints e informações.
Respondo por meio deste texto aos Prints para ter espaço suficiente para expor de que forma se deu o evento.
Da preparação para o evento
Em primeiro lugar cabe esclarecer que na carta convite para o evento por mim recebida em 13 de março de 2015 constava o seguinte parágrafo: “Assim, gostaríamos de convidá-lo a ministrar uma palestra com o tema “A conservação pelo olhar de um santuário de animais selvagens” no dia 24/05/2015, às 14 horas e com duração de 1 hora e 20 minutos. Além disso, a sua presença na mesa redonda, às 17h30 no dia 24/05/2015 seria de extrema importância para aprimorar o debate.” Assim, minha palestra foi preparada para tratar especificamente deste assunto.
Ainda, no dia 30 de abril de 2015, recebi da organização do evento a seguinte carta de esclarecimento:
Prezados palestrantes,
O GEAS USP vem por meio desta carta esclarecer alguns pontos em relação ao II Simpósio: “O papel dos zoológicos e aquários na conservação”. Apesar do título, o evento não tem nenhuma intenção de contestar a existência de nenhuma instituição que possui e lida com animais selvagens, mas sim entender mais a fundo como essas instituições funcionam e pensam.
Acreditamos que o papel do médico veterinário, biólogo e demais profissionais que trabalhem com animais, tem como responsabilidade técnica instruir leigos e acrescentar argumentos em questões “polêmicas”, baseando-se em informações verdadeiras e fundadas. Não acreditamos que precisem se preocupar com nenhum tipo de exposição no evento, principalmente na mesa redonda. O objetivo dessa conversa final é simplesmente esclarecer dúvidas e ouvir o feedback dos ouvintes. Acreditamos que, com o apoio da nossa orientadora, professora Eliana Reiko Matushima, e de vocês, podemos construir um evento extremamente informativo, proveitoso e principalmente agradável.
Reiterando, estamos à disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas e sugestões dos senhores. Muito obrigado por todo apoio e colaboração.
Atenciosamente,
Organização do II Simpósio GEAS USP.
Na mesma data respondi à organização do evento:
Prezada XXX
Boa tarde
Possivelmente a nota de esclarecimento se deve à minha participação no evento.
Com relação a esse assunto eu tenho a esclarecer que, de fato, questiono com veemência o alegado papel que os zoológicos tem na conservação ex-situ de espécies, bem como seu papel como educadores ambientais. Tenho-o feito com frequência em textos e apresentações onde me dão espaço para isso.
No entanto, para o presente evento o tema que estou preparando se refere ao título que me foi solicitado “A Conservação pelo Olhar de um Santuário de Animais Selvagens”, não sendo abordado o tema zoológicos.
Caso seja mais confortável para os demais palestrantes posso me abster de participar da mesa-redonda como disse que o faria, assim não haveria risco de alguém da mesa ou da plateia questionar minha posição em relação aos zoológicos.
Eu havia me prontificado a participar da mesa redonda, mas se houver algum desconforto posso me abster.
. . .
cordialmente
Sérgio Greif
No dia seguinte recebi a seguinte resposta da organização do evento:
Olá, Sérgio,
De forma alguma queremos que você fique fora da mesa redonda, pelo contrário, a participação de vocês é fundamental justamente por representarem uma instituição com outro cunho, além das que serão apresentadas, e acreditamos que a participação de vocês na mesa redonda será muito esclarecedora e de grande valia, principalmente ao público, visto que o grande objetivo do evento é fornecer informações aos ouvintes, sobre o papel de cada instituição, pois temos em mente que isso não é claro na cabeça das pessoas. E, em relação à carta, nós a enviamos em pedido da professora Eliana Matushima, a todos os palestrantes, para deixar claro que o intuito do evento não é desmerecer nenhuma instituição, e sim mostrar ao público o papel de cada uma delas, dando a cada ouvinte liberdade para formar sua opinião, mas a partir de informações corretas. Peço desculpas se não deixei claro o objetivo do GEAS ao enviar a carta de esclarecimento, mas achamos de bom tom enviá-la a todos os palestrantes convidados para não causar nenhum mau estar durante o evento e frisar mais uma vez que o intuito do evento não é criar polêmicas, e sim esclarecimentos.
Cordialmente,
XXX
À qual respondi:
Prezada XXX
Não se preocupe e também não precisa se desculpar por nada.
Eu não tive problemas com a carta, apenas quis esclarecer que se de alguma forma uma contestação quanto ao papel dos zoológicos for criar algum desconforto entre os palestrantes posso me abster de participar da mesa redonda, pois assim não há risco de alguém me perguntar e eu precisar esclarecer.
Minha apresentação se limitará a tratar do papel dos santuários de animais, sendo que apenas citarei os zoológicos para esclarecer sobre quais as diferenças conceituais existentes entre as instituições.
No entanto, há risco de que durante a mesa redonda perguntas me sejam dirigidas referentes aos zoos.
Foi isso que eu quis dizer.
abraços
Sérgio
No dia 13 de maio recebi, ainda, a seguinte mensagem:
Prezado Sérgio,
Envio este e-mail para fornecer algumas informações sobre a mesa redonda ao final do evento. O tema de discussão da mesa será “Como instituições que albergam animais selvagens podem trabalhar juntas para a conservação?” e contará com 4 representantes que deverão mostrar, no tempo máximo de 10 minutos, sem auxílio de slides, como a instituição representada trabalha para a conservação de espécies e propor uma ação em conjunto com as demais para que o objetivo final de todos seja alcançado.
Ao término dessas breves apresentações, abriremos espaço para os demais palestrantes do evento e ouvintes, para perguntas e colocações pertinentes ao tema da mesa.
Portanto, estava claro que o tema de minha apresentação seria “A Conservação pelo Olhar de um Santuário de Animais Selvagens” e que na mesa redonda eu deveria falar sobre de que forma as diferentes instituições poderiam trabalhar juntas.
Da Palestra
Em minha apresentação iniciei dizendo que eu estava ali representando o Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos apenas naquele evento específico tendo em vista que os representantes da instituição estavam muito ocupados envolvidos em uma campanha de Crowdfunding, que eu não trabalhava diretamente com eles e que durante a apresentação eu não me referiria apenas ao mesmo, mas citaria outros exemplos de santuários de animais mundo afora.
Comecei por definir os conceitos por trás dos santuários de animais, apresentando seus objetivos e sua missão, os tipos de santuários de animais existentes, o tipo de trabalho que eles desenvolvem e de que forma santuários de animais se distinguem de abrigos de animais e de zoológicos.
Apresentei alguns exemplos de santuários existentes no Brasil, nos EUA, no Oriente Médio, na Ásia meridional e oriental, na África e na Austrália.
Conforme eu já havia informado à organização do simpósio, o único momento em que me referi a zoológicos durante minha apresentação foi em um slide que distinguia os dois tipo de atividades:
• Zoológico =˃ animais em exposição, prioridade para a diversidade, foco no visitante;
• Santuários de animais =˃ animais simplesmente são mantidos, prioridade para seu bem estar, não permitida a visitação publica como em um zoológico, foco no indivíduo (animal como indivíduo). Não dá importância à diversidade.
Um segundo slide apresentava uma situação de zoológico recebendo visitantes. A intenção era mostrar que o fluxo de visitantes e os comerciantes seriam, por si só, causa de estresse para os animais. A imagem apresentada encontra-se abaixo:

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Importante que ao apresentar a imagem frisei que muitas vezes os recintos de zoológicos e de santuários de animais possuem o mesmo tamanho e enriquecimento ambiental, mas que a visitação fazia a diferença sobre o estresse vivido pelos animais. Nada mais foi falado em relação aos zoológicos durante minha apresentação, em respeito à organização do evento.
Durante minha apresentação percebi que uma pessoa encontrava-se extremamente ansiosa e inquieta. Não parava em sua cadeira, deixava cair objetos, fazia caretas e se contorcia. Embora a pessoa se encontrasse sentada na primeira fila resolvi ignorá-la para não perder a concentração, mas ainda a percebia indiretamente por meio dos olhares que ela ainda atraía da plateia.
Com algumas poucas intervenções ao longo da apresentação, ao fim essa pessoa solicitou o microfone e quis questionar assuntos que eu havia tratado na apresentação, de modo que voltei alguns slides para mostrar ao que eu me referia e explicar novamente o que não havia sido entendido (expliquei com educação, embora as perguntas tivessem sido realizadas de forma agressiva).
Em relação à imagem do zoológico em dia de visitação ela questionou a presença de um palhaço, que zoológico não era circo. De fato, o palhaço colocado na imagem é um vendedor de balões. Ela me informou que a legislação não permitia palhaços em zoológicos, porque isso assustava os animais.
Eu de fato desconheço tal legislação, mas o palhaço na imagem era meramente um detalhe ilustrativo, em meio à multidão (e me estranha que não se possa ter um palhaço vendendo balões dentro de um zoológico, mas que a Meia-Maratona Internacional de Belo Horizonte possa passar por dentro dele, realmente . . .). Enfim, a presença ou ausência do palhaço não invalidaria o propósito da imagem.
Questionou, igualmente, uma imagem colocada para ilustrar o conceito de que em santuários de animais silvestres, como os animais não precisam ser expostos ao público, os recintos podem ser maiores (de modo que os animais podem se espalhar) e plantados com vegetação densa permitindo esconderijo aos animais, dizendo que eu não havia colocado grades em minha imagem.
Respondi que o conceito de grades estava lá, extrapolando os limites da imagem. Sim, a maioria dos santuários de animais também mantém animais em cativeiro, mas não havendo compromisso de exibi-los ao publico, os recintos não são preparados para esse fim.
A professora responsável pela organização do evento interveio, após a terceira pergunta, informando que pequenos detalhes da apresentação não eram relevantes e que o propósito ali não era discutir a minha apresentação slide por slide, que esta não era a proposta do evento.
Durante o intervalo que se seguiu os organizadores e muitos dos alunos presentes vieram se dizer constrangidos e envergonhados pela combatividade, que a proposta do evento era expor pontos de vista para que o público pudesse formar suas opiniões. Desculparam-se.
Da mesa redonda
Posteriormente, quando a mesa redonda se iniciou, recebi desculpas da própria pessoa, que disse que queria voar em meu pescoço. Informei que não apenas eu havia percebido, como que esse detalhe não devia ter passado despercebido por ninguém. Mas desculpas pedidas, desculpas aceitas. E se eu disse que as aceitei, aceitei de coração.
Em minha opinião, mais do que desculpas para mim, as desculpas deveriam se dirigir à organização do evento, porque mais do que eu, eles foram desrespeitados. Não foram todos os palestrantes que receberam a mensagem dizendo o evento não tinha nenhuma intenção de contestar a existência de nenhuma instituição que possui e lida com animais selvagens, mas sim entender mais a fundo como essas instituições funcionam e pensam? Que eles não acreditavam que os palestrantes precisassem se preocupar com nenhum tipo de exposição no evento, principalmente na mesa redonda? Que eles pretendiam construir um evento extremamente informativo, proveitoso e principalmente agradável?
Embora eu me esforçasse em tratar do tema “Como instituições que albergam animais selvagens podem trabalhar juntas para a conservação?” o assunto continuou girando em torno do questionamento quanto aos zoológicos e eventuais ataques aos santuários de animais. Argumentos em defesa dos zoológicos íam na linha de que eles são instituições muito melhores do que eram no passado (não tenho duvida de que em certa extensão isso é verdadeiro e nem contesto). Realmente entendo que o conceito de direitos animais absolutos seja vago para pessoas que se empenham na senda do bem-estar animal, daí a dificuldade em se entender que jaulas maiores, enriquecimento ambiental e áreas mínimas de fuga são praticamente irrelevantes frente ao questionamento .
Alguém calculou rapidamente que havia 18 anos que eu não entrava em um zoológico e que, portanto, não sabia de que estava falando. Ora, em primeiro lugar eu não descrevi a situação atual nem passada dos zoológicos em minha apresentação. Em segundo lugar quando eu trato de qualquer tema referente à exploração animal eu evito ao máximo descrever um cenário temporal, para não correr o risco de incorrer em desatualização.
O mesmo posso dizer em outros temas relacionados à exploração animal: Pouco importa que em um biotério exista controle de temperatura, luminosidade, ração balanceada e água limpa. Não interessa que o animal seja manipulado pelo tronco ou pela cauda, que receba anestesia ou não. Interessa que animais de experimentação sofrem experimentos à sua revelia, que invariavelmente resultam em injurias e morte.
Não interessa se os cavalos que puxam carroça agora recebem feno de melhor qualidade e tem mais horas de descanso entre jornadas; que as vacas leiteiras escutam musica clássica; que os bois são atordoados antes de serem abatidos; tudo isso pode ser melhor do que nada, mas ainda é muito pouco. Mais, coitados dos animais quando nos damos por satisfeitos com esse maquiamento ético. Quando nos preocupamos com os direitos animais, o buraco é mais embaixo.
Não lembro de haver proposto, em toda a minha vida, que as jaulas que aprisionam os animais devem ser maiores, que a alimentação que lhes é fornecida deve ser mais conforme ou que eles devem ter brinquedinhos para se distrair até que algum ser humano resolva proceder de acordo com sua vontade. O que já fiz foi descrever o bem-estarismo como não mais que uma distração que nos afasta de simplesmente reconhecer que animais possuem direitos.
Eu não vou a um zoológico há mais de 18 anos, e não tenho planos de voltar a ir em algum. Se puder evitar também não irei a um abatedouro, a um laboratório que realiza experimentos em animais e a um canil que reproduz animais de raça. Não ir não significa que não posso questionar, porque embora em muitos zoológicos os animais estejam magros e doentes, recebendo alimentação insuficiente ou inadequada, que os recintos possam ser pequenos ou sujos, não são essas coisas que questiono.
Também não como carne há 35 anos mas vou continuar pregando o vegetarianismo, porque não me interesse se os animais de corte agora possuem um manejo diferenciado, se durante o abate são insensibilizados com pistolas de dardo cativo antes de serem sangrados, etc. Essas são informações que considero irrelevantes no que diz respeito a se devemos ou não comer carne.
Portanto, meus argumentos não foram inconsistentes durante a mesa redonda porque eu simplesmente não argumentei sobre zoológicos. Fui fiel ao tema que me foi solicitado: “Como instituições que albergam animais selvagens podem trabalhar juntas para a conservação?”
Defendi que embora santuários de animais e zoológicos, devido à sua própria natureza e objetivos antagônicos, sejam em certo sentido opostas, elas já trabalham muitas vezes juntas (mas nem sempre de forma sinérgica).
Santuários recebem dos zoológicos animais excedentes, animais feios demais ou inadequados para serem expostos ao público, animais oriundos de zoológicos falidos ou fechados e não desejados por outros zoológicos.
Na continuidade respondi às perguntas que me foram colocadas, mas novamente, sem entrar no mérito dos zoológicos. Apenas questionei a defesa que se fez do abate da girafa no Zoológico de Copenhagen (Marius), que segundo a defensora poderia falar duas horas em defesa do feito, porque segundo ela a girafa não era um filhote (irrelevante), ela não foi morta na frente de crianças (irrelevante) e era um hibrido (irrelevante). Ser híbrido apenas significa que o indivíduo não se presta a um programa de reprodução e que não pode ser reintroduzido em seu habitat, não significa que ele deve ser morto. Várias entidades, pelo que me lembro na época, se prontificaram a ficar com a girafa.
Também procurei responder às perguntas direcionadas à rotina do Rancho dos Gnomos, ao conceito de santuários e aos direitos animais com a mesma educação, fossem elas feitas em tom curioso ou em tom agressivo, buscando achar pontos para lançar acusações. Enfim . . .
Finalização
Não pretendia escrever sobre o simpósio para não incorrer em indelicadeza, deixar o episódio no passado. Apenas o fiz porque recebi as postagens do Facebook em Print Screen, se referindo ao evento e alegando falta de argumentos consistentes. O evento em si foi positivo, mas desgastante por conta dessa hostilidade.

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