Por Stephanie Lourenço* (em colaboração para a ANDA)
“Filho da puta. Você tá morrendo. É pra você fazer música e não apologia. Seu filho da puta”, gritava um homem da plateia enquanto Morrissey cantava uma das mais importantes e icônicas músicas dos The Smiths: MEAT IS MURDER (Carne é Assassinato).
Ao som de Meat is Murder foram mostradas ao público cenas reais das torturas que os animais sofrem diariamente na indústria da carne. Matadouros realmente não são agradáveis. As imagens que foram projetadas no palco incomodaram alguns intolerantes. Mas Morrissey não se importou com isso, porque tem uma função no mundo; a função de transformar e sensibilizar as pessoas através de sua música.
“Esta linda criatura deve morrer. Esta linda criatura deve morrer. Uma morte sem razão. E uma morte sem razão é assassinato.” Os trechos da música cantada pelo artista sofreram pequena interferência de um homenzinho nervoso no fundo da plateia, mas Morrissey cantou. E modificou alguns de seus fãs que estavam no show que aconteceu no Citibank Hall em São Paulo, no sábado (21)
A causa animal é constante na carreira do cantor. “Animais são como crianças. Eles procuram segurança na gente. Devemos protegê-los”, disse ele em uma entrevista de 2003.
Outra música importante para os animais cantada por Morissey no show foi “The Bull Fighter Dies” (O Toureiro Morre), de seu mais recente disco “World Peace is None of Your Bussiness”. Antes de iniciar a canção que denuncia a tourada, Morrissey disse: “Precisamos falar sobre a vergonha da Espanha”.
Como costuma fazer em todas as suas performances, o cantor teve como sua principal exigência que nenhum tipo de carne fosse servida no local do show. Por isso, no sábado a alimentação dos fãs ficou a cargo do Food Truck Veggies na Praça que ofereceu opções deliciosas e variadas de sanduíches vegetarianos e livres de produtos de origem animal.
Além da questão da alimentação, a produção de Morrissey entrou em contato com a ONG PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) e seus associados no Brasil para recrutar ativistas independentes para trabalharem distribuindo panfletos informativos sobre veganismo e tirando dúvidas de pessoas interessadas em conhecer melhor o estilo de vida cruelty-free.
Ricardo Lunes da Costa, um dos ativistas que trabalhou no Citibank Hall, contou que muitas pessoas se aproximaram do stand curiosas, tiraram fotos, e pediam panfletos para entregar para os amigos ou levar para casa. Mas o jovem vegano não ficou imune a ofensas preconceituosas.
Muitas pessoas tiraram sarro, falaram que iam comer um baconzinho, mas, segundo ele, o pior foi ouvir: “Você é vegano então é viado. Todo vegano é viado”.
Ricardo confessou que preferiu ignorar os comentários preconceituosos e homofóbicos de pessoas que foram assistir a um show, mas que por algum motivo decidiram agredir um jovem ativista de 21 anos que estava lá trabalhando e tentando passar uma mensagem de paz e respeito entre humanos e animais.
*Stephanie Lourenço é atriz, jornalista e autora do blog Amiga do Esquisito