Por Marcela Couto (da Redação)
Muitas espécies de animais vivem em grupos. Mas, quando um membro morre, será que os outros sentem sua falta?
De acordo com um relatório fascinante publicado pela New Scientist, a morte de um macaco na China está revivendo o debate entre cientistas: os animais são capazes de vivenciar o luto?
Não há consenso entre biólogos, mas as evidências são muitas. O incidente recente na China foi documentado por James Anderson, da Universidade de Kyoto no Japão, que estava monitorando um grupo de macacos na Zhouzhi National Nature Reserve.
Segundo a observação de Anderson, uma fêmea do grupo ficou doente repentinamente, caiu de uma árvore e morreu. O parceiro dela, o macho alfa do grupo, permaneceu ao lado do corpo por alguns minutos, tocando e pegando em sua mão. Depois que os pesquisadores enterraram a fêmea, o grupo de macacos retornou ao local da morte e passou um bom tempo por lá.
O relatório é mais um de vários recentes que mostram o comportamento de luto dos animais, sugerindo que humanos não são os únicos a lamentar a morte de seus entes queridos.
Em outro estudo conduzido pelo Sanaga-Yong Chimpanzee Rescue Center, um grupo de chimpanzés foi visto cuidando de uma fêmea idosa que acabara de morrer. O comportamento sugeria que os macacos estavam prestando suas condolências a ela.
Mães chimpanzés que perderam seus filhotes também tem sido vistas carregando os corpos por dias ou semanas, tentando revivê-los. Isso sugere que animais entendem o processo da morte, segundo os pesquisadores, principalmente os primatas.
Mas outras espécies também demonstram seu luto. O grupo das aves que incluem os corvos realizam “funerais” para seus parentes mortos. Rituais de morte tem sido observados entre golfinhos, elefantes e gatos.
Os cientistas que defendem a consciência animal dizem que seria antropocêntrico demais achar que apenas humanos possuem sentimentos complexos diante da morte. E realmente, não faltam exemplos do luto dos animais, como nos casos recentes da macaca que se recusou a abandonar o corpo de seu filhote e dos burros que velaram seu companheiro morto.