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Zoonoses usa cães como 'cobaias' em curso para coletar sangue no DF

23 de agosto de 2015
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Funcionários amarram cachorro para fazer coleta de sangue (Foto: G1)
Funcionários amarram cachorro para fazer coleta de sangue
(Foto: G1)

Cães entregues ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) do Distrito Federal foram usados como “cobaias” pela Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) para treinar funcionários sem formação veterinária a coletar sangue e vacinar animais. Eles receberam o curso para atuar durante campanha contra a leishmaniose que foi realizada neste sábado (22). Segundo uma servidora que participou do treinamento e não quis se identificar, os animais submetidos ao procedimento seriam mortos posteriormente e “tremiam e urinavam de medo e dor”.
‘Tortura’
Vídeo enviado ao G1 mostra um homem, supostamente veterinário, ensinando funcionários a coletarem sangue dos cães. Segundo a servidora, alguns funcionários chegaram a passar mal e choraram com o tratamento dado aos animais. “Esses animais foram retirados da jaula, onde ficam confinados, após serem retirados de suas famílias, e ainda horas antes de ir a morte induzida, foram submetidos à coleta de seu sangue por pessoas que não são médicos veterinários e estavam testando seu aprendizado nesses animais”, diz a funcionária.
“Os animais estavam coagidos pelo volume de pessoas na sala, além de estarem cercados de pilhas de tonéis onde são alocados outros animais mortos. Os cães tremiam e urinavam de medo e dor, foram amarrados pelos focinhos, segurados por um enforcador e tiveram sucessivas coletas de sangue por diferentes pessoas, mesmo que sob protesto dos servidores”, diz.
Riscos
Segundo a mesma funcionária, os servidores comissionados foram coagidos a realizar o curso sob pena de perderem o cargo e de não recebimento das horas trabalhados na ação. A secretaria nega a informação e diz que todos vão bater ponto antes de se dirigirem à campanha.
A servidora afirma que os trabalhadores não são vacinados contra raiva, o que coloca eles em risco de acidente e contaminação. A secretaria afirma que a vacina é recomendada apenas para profissionais de “alto risco”, como veterinários.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária informou que a coleta de sangue deve ser feita por pessoa habilitada, que seja treinada, orientada e supervisionada por médicos veterinários, já que o procedimento pode expor a risco de contaminação, tanto a pessoa quanto ao animal.
O conselho também afirmou que a prática sem treinamento adequado pode configurar maus-tratos e só médicos veterinários podem aplicar vacinas. “É importante destacar que os animais são seres sencientes e devem ser tratados por profissionais aptos a garantir o seu bem-estar.”
Fonte: G1

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