O zoológico da cidade de Shenyang, no nordeste da China, onde 13 tigres siberianos – espécie sob grave risco de extinção – morreram de fome nos últimos meses foi acusado nesta quarta-feira (17) pela imprensa chinesa de usar os ossos dos animais para elaborar licores medicinais.
Segundo o jornal “Beijing News”, a prática de fazer licor de ossos de tigre, muito apreciado há séculos pela medicina tradicional chinesa, mas atualmente ilegal, “começou no zoo em 2005 e o produto era entregue a departamentos estatais de Polícia, política florestal e meio ambiente”.
“Eu mesmo bebi licor de osso de tigre”, assegurou a fonte anônima do zoo que revelou a prática ao jornal.
O destilado de osso de tigre, ou “hu gu jiu”, pode chegar a custar US$ 4.100 por garrafa no mercado negro.
As regulamentações para evitar o tráfico de restos mortais de animais em extinção, vigentes desde 1993, exigem que os ossos e a pele dos tigres falecidos sejam guardados em salas frigoríficas e lacrados, mas aparentemente a lei não prevê quem deve ser responsável por estes caros procedimentos.
Em consequência, os tratadores do zoo de Shenyang, onde morreram cerca de 50 tigres desde o ano 2000 (a informação não explica as circunstâncias das mortes) ficaram responsáveis pelos restos e supostamente tiraram proveito econômico deles.
Outro jornal, o “Nanfang Daily”, assegurou na segunda-feira passada que os tratadores não alimentaram os animais nos últimos meses, como chantagem para tentar pressionar o Governo local para que pagasse as dívidas do zoológico, que não eram quitadas há 18 meses.
Onze dos tigres morreram diretamente de fome, outros dois foram sacrificados após atacar seus tratadores, possivelmente por falta de comida, e outros três estão em situação grave, e equipes veterinários trabalham contra o relógio para salvar suas vidas.
Cerca de 20 outros animais, entre leões, camelos, macacos, avestruzes e várias outras espécies, também morreram no zoo nos últimos três meses de inverno, época na qual a falta de visitantes diminui a receita proveniente do custo dos ingressos.
Fonte: G1