O governo da Zâmbia autorizou caçadores a matar mais de mil hipopótamos nos próximos cinco anos. A justificativa das autoridades para permitir o massacre na região do rio Luangwa, é que a ação seria uma tentativa de impedir a propagação da doença bacteriana antraz.
O Departamento de Parques Nacionais da Zâmbia argumentou que o assassinato em massa ajudará a evitar surtos de antraz em uma área supostamente superpovoada com hipopótamos. Também alega que a propagação da doença este ano foi agravada por chuvas anormalmente baixas.
A Zâmbia já sugeriu essa iniciativa sanguinária anteriormente. Em 2016 também planejou um massacre a esses animais, mas suspendeu a ação devido à pressão de defensores dos direitos animais. Porém a organização Born Free acusou o governo de “secretamente” derrubar a decisão e permitir a caça.
Will Travers, diretor da instituição de caridade, disse que as autoridades do país africano falharam em fornecer evidências suficientes que comprovassem uma superpopulação de hipopótamos no rio Luangwa. Ele afirma que o governo também não tornou público dados com justificativas concretas para a carnificina.
“Eles estão, aparentemente, usando a mesma desculpa da última vez – uma medida preventiva para evitar um futuro surto de antraz, combinado com uma afirmação de que chuvas baixas vão agravar a situação”, disse ele.
“Eles também parecem não ter informado os principais interessados no Vale do Luangwa. As consequências negativas para milhares de hipopótamos e para a reputação do país, por sustentar um turismo baseado na exploração da vida selvagem, não podem ser subestimados”.
A Umlilo Safaris, uma empresa de caçadores da África do Sul, começou a oferecer aos clientes uma “caça ao gerenciamento de hipopótamos” de cinco dias no Vale de Laungwa por £ 10.500 cada. A página da organização no Facebook diz que os caçadores podem atirar em até cinco animais por viagem e ficar com as presas dos animais.
Richard Kock, professor de saúde da vida selvagem no Royal Veterinary College, reafirma que o governo precisava fornecer dados concretos que justicassem a matança.
“Não há dúvida de que os hipopótamos realmente possam superpopular e prejudicar os ecossistema”, disse ele. “Mas partindo do pressuposto que isso esteja ocorrendo em Zâmbia, eu acho que o antraz pode ser um perfeito fator de controle de suas populações”, comenta o pesquisador refutando a alternativa sanguinária sugerida pelo país.
“Também sou muito sensível ao fato de as pessoas usarem essas coisas como desculpa para comportamentos nefastos. Então, eu diria que você precisa de bons dados e precisa de boas evidências para tomar uma decisão dessas”, finalizou Kock.
Em um comunicado, o Ministério do Turismo da Zâmbia disse que o assassinato seria para manter um “habitat adequado para espécies aquáticas e animais selvagens em geral”, observando que ações similares haviam ocorrido antes.
A ação ocorre meses depois de mais de 100 hipopótamos terem morrido devido a um surto suspeito de antraz na Namíbia.