O influenciador sul-africano Graham Dinkelman, conhecido como Dingo, morreu após passar um mês em coma depois de ser picado por uma mamba-verde durante uma gravação. O caso ocorreu em setembro de 2024 e voltou a circular esta semana, trazendo novamente à discussão a exploração de animais selvagens para entretenimento digital.

Longe de ser um simples “ataque”, o que ocorreu foi uma situação de estresse extremo para a serpente, que reagiu ao ser importunada. A mamba-verde, nativa de áreas arborizadas da África Subsaariana, evita contato com humanos e só age de forma defensiva quando se sente ameaçada. Sua cor intensa funciona como camuflagem nas copas das árvores, onde vive. Nada em seu comportamento natural indica interesse em interações com pessoas.

O veneno da espécie é neurotóxico e pode provocar paralisia e falência respiratória. Essa característica é um recurso evolutivo de proteção, não um gesto de agressividade gratuita. Mesmo assim, o influenciador insistia em manipular serpentes para produzir vídeos que combinavam risco e exposição forçada de animais selvagens. Ela já havia sido exibida em outras gravações.

A morte de Dinkelman mostra as consequências de transformar animais em ferramentas midiáticas diante das câmeras. A lógica das redes, que premia condutas extremas, ignora limites biológicos e cria situações artificiais que nunca aconteceriam na natureza.

Serpentes têm o direito de viver sem serem provocadas ou usadas como objetos de exibição. O risco não nasce do animal, mas da escolha humana de submetê-lo a condições incompatíveis com seu bem-estar.

O desfecho trágico aponta para um problema maior. A busca por visibilidade baseada no uso de animais viola a integridade dos animais e demonstra que ignorar os instintos e necessidades naturais deles tem consequências graves para todos os envolvidos.