Estudos anteriores sobre cães haviam descoberto que fazer xixi em cima do xixi de outro cão era algo que apenas os machos faziam, e que a maioria fazia isso em resposta à urina feminina. Assim, a interpretação anterior era de que os cães machos faziam xixi para ocultar a urina feminina.
O novo estudo amplia essa compreensão. Na verdade, ambos os sexos “contramarcam” (urinam perto de outro xixi) ambos os sexos. A pesquisa também é a primeira a descobrir que “latir” (na verdade “zunir”, ou produzir um som agudo) perto de onde um outro cão urinou é feito mais por cães de alto status.
Os pesquisadores realizaram dois experimentos. Um envolveu a apresentação de urina de cães desconhecidos de várias raças a 48 cães com tutores da raça labrador. Cada labrador foi guiado com uma coleira a um “traço de urina”. Ele poderia cheirar, latir ou não reagir ao xixi marcado.
No segundo experimento, os pesquisadores observaram as interações de cães em um parque, documentando 153 urinações e 199 investigações de urina (cheirá-las) de 87 cães machos e fêmeas de diferentes raças, castrados ou não.
Em ambos os experimentos, os pesquisadores também mediram a posição da cauda de cada cão, que estudos prévios haviam descoberto que era sinal de status; quanto mais alto o rabo de um cão é levantado, mais status ele tem.
A pesquisa descobriu que machos e fêmeas eram igualmente propensos a latir próximo ao xixi de um cão desconhecido. Cães com rabos altos/alto status, no entanto, eram muito mais ativos do que outros cães quando se tratava de cheirar a urina de outro cão, e contramarcá-la com seu próprio xixi.
Apesar de ambos os sexos contramarcarem, eles fazem um pouco diferente. Os homens são mais propensos a fazer xixi exatamente em cima da outra urina do que as fêmeas. Machos e fêmeas investigam urinas alheias, e os cães de mais status de ambos os sexos urinam e contramarcam. Alguns cães mais submissos, de baixo status, não contramarcam nenhuma urina ao visitar os parques para cães.
Os machos de alto status expostos a um lugar como um parque para cães são super ativos em marcar território. Eles não param após marcar o primeiro ou segundo ou terceiro xixi.
Segundo os pesquisadores, como os sinais químicos encontrados na urina do cão podem ser cheirados a partir de uma distância segura, pode ser que os cães sejam capazes de “resolver” relações por meio dessas marcas, antes de se encontrarem cara a cara. Por exemplo, a urina pode ajudá-los a decidir qual cão eles querem abordar.
O próximo passo da pesquisa é estudar outros aspectos da urina do cão, como de que forma a esterilização e a castração podem afetar a contramarcação como uma forma de comunicação.
Essa comunicação é importante, porque é possível que os cães sejam capazes de avaliar vários aspectos pessoais, de saúde, estresse, virilidade, dieta, apenas cheirando a urina de outro cão.
Ou seja, segundo os pesquisadores, a contramarcação é uma espécie de perfil do Orkut ou do Facebook da vida social do cão; uma forma de saber quem ele é, facilmente acessível a partir de uma distância segura.
Fonte: Hypescience