Max é o retrato do amor e do respeito pelos cães. Vivendo na rua com duas cachorras, o homem aprendeu a valorizar a companhia dos animais, que não o abandonam nem mesmo em meio a tantas dificuldades.
Relatos do rapaz em situação de rua fazem parte do documentário “Vira-latas”, que retrata a vida de pessoas como Max e dos cachorros sem raça definida que dividem os dias nas ruas com seus fiéis tutores. O documentário não tem data para ser exibido nos cinemas, mas já foi transmitido em festivais como o Santos Film Fest (SP), Festival de Cinema de Jaraguá do Sul (SC), o 5th Dog Film Festival (Roma) e o First-Time Filmmaker Sessions (Inglaterra).
De acordo com o diretor do filme, Daniel Torres, quando a crise sanitária estiver controlada, deve ser realizada uma sessão especial para transmitir o documentário em um central cultural de São Paulo durante um evento que contará com a presença de Max e da cadela Duquesa.
No documentário, gravado entre 2018 e 2019, constam também entrevistas com voluntários de instituições de proteção animal e de pessoas que foram transformadas pelo amor de um cão adotado. O mesmo amor que traz felicidade para Max.
“Eu vivo em situação de rua há uns cinco ou seis anos. O motivo é o que todo mundo quer saber, mas toda a vez que eu puxo esse assunto, me magoa demais porque foi uma traição de família. Então eu prefiro falar de coisas boas, de coisas que me deixam feliz”, relatou o rapaz.
“Os cachorros se entregam de verdade para a gente, eles se doam. Eu costumo dizer que não tenho um cão de guarda, eu tenho um cão de amor. Ela [a cadela Duquesa] me aquece e eu aqueço ela”, completou.
Duquesa é filhote de Rainha, uma cadela que Max encontrou abandonada. Segundo ele, após adotá-la, as coisas mudaram e as pessoas começaram a ajudá-lo. “Mudou muita coisa na minha vida, ela me trouxe responsabilidade. Eu até plantei um pé de babosa para dar banho nela, três vezes por semana”, disse. “Sempre gostei de cachorro e já é a segunda vez que a minha vida é salva por um”, acrescentou.
Na infância, um cachorro alertou Max sobre a presença de uma cobra. “Ele começou a latir e a ficar bravo comigo. Era uma cobra que ia me picar, mas ele pulou na frente para me defender”, lembrou.
“A média de vida deles é de 15 ou 16 anos, mas se eu viver 200 anos, vou morrer devendo amor para eles. Eles são pedacinhos de amor”, concluiu.