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Voluntários trabalham incansavelmente para salvar animais feridos em incêndios no DF

22 de setembro de 2024
6 min. de leitura
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Foto: Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto

Em meio ao cenário de devastação causado pelos incêndios que destruíram a vegetação da Floresta Nacional (Flona) e do Parque Nacional de Brasília, voluntários e servidores de órgãos da defesa ambiental trabalham para reabilitar e reintroduzir à mata, a fauna atingida pelas queimadas.

Enquanto brigadistas e bombeiros militares atuam no combate às chamas, biólogos, veterinários e outros profissionais se dedicam à minimizar o sofrimento animal.

No DF, alguns animais foram resgatados e ainda estão em tratamento no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e no Hospital Veterinário do Zoológico de Brasília. Como é o caso de um filhote de cambacica resgatado na Flona e uma anta resgatada perto de uma área de queimada no Parque Nacional de Brasília. O jovem macho de 73kg teve as quatro patas feridas em decorrência de queimaduras.

O animal está se alimentando e bebendo água normalmente, e o quadro de saúde permanecia estável até essa sexta-feira (20/9).

Foto: Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto

Há, também, papagaios resgatados que aguardam a reintrodução à natureza. Uma cobra jararaca encontrada no local já foi solta. Dois animais, possíveis vítimas dos incêndios, não teriam resistido aos ferimentos. Eles são um rato silvestre ameaçado de extinção que estava na Flona e recebeu tratamento no Hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre (Hfaus) do DF, e um filhote de anta fêmea, atacada por um cachorro no Parque Nacional.

A filhote de anta foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (HUB), pode ter tido o quadro de saúde agravado por causa dos incêndios e não se recuperou.

Uma série de medidas foram adotadas em parceria por órgãos ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), junto à Secretaria de Meio Ambiente (Sema-DF) e à Fundação Jardim Zoológico de Brasília.

Segundo a diretora do hospital veterinário do Zoo, Tânia Borges, ainda é possível que outros animais sejam localizados nas regiões queimadas.

“Quanto mais rápida a ação inicial, maior o sucesso no resultado. Mesmo que você só tenha uma resposta com o passar dos dias, a prontidão é essencial. Estamos com as nossas equipes o tempo todo mobilizadas para serem acionadas e temos todo o material disponível para esse tipo de trabalho, como equipamentos específicos para atender os animais, medicação e anestésicos. Tudo isso é essencial para a recuperação e os resultados do tratamento”, detalhou.

“Como o nosso maior objetivo é devolvê-los à natureza, como são animais de vida livre, tentamos o mínimo de contato possível com esses animais para evitar o máximo de submetê-los a qualquer estresse”, acrescentou a veterinária.

Ações In-loco

Diariamente, as equipes da Flona e do Cetas estão empenhadas nas ações em campo para ajudar na recuperação da unidade. Segundo Mariomir Gomes Ferreira, servidor do centro de triagem ligado ao Ibama, até 30 de outubro, as operações prosseguem com a distribuição de alimentos para os animais.

“Entre os itens distribuídos estão frutas, hortaliças, ração e mix de sementes, que estão sendo colocados em pontos estratégicos para garantir a sobrevivência da fauna local. Essas ações visam preservar a biodiversidade da região e garantir o bem-estar dos animais silvestres”, comentou Mariomir.

A diversidade de animais que passeia pela Floresta Nacional é imensa, apontou o servidor. “Temos onça, anta, veado, tamanduá-bandeira, macaco, tatu e mais de 200 espécies de pássaros catalogadas”, citou.

Dentre algumas espécies ameaçadas de extinção, é possível citar o tatu-canastra, o tamanduá-bandeira, a onça-parda, o lobo-guará e a raposa-do-campo.

“Retiramos muitas carcaças de animais, principalmente rastejadores. Felizmente, estamos notando que muitos animais conseguiram fugir dos focos do incêndio e estão buscando a alimentação. Se não fosse isso, não estávamos conseguindo salvá-los”, afirmou.

Voluntária na Flona, a brigadista florestal Melissa Silva, 37 anos, atua na distribuição dos alimentos e destaca a importância da ação.

“Sou apaixonada pelo Cerrado. Ele vive, pulsa e a gente consegue perceber isso a cada dia que vem aqui na Flona e vê o Cerrado rebrotando, apesar do grande incêndio e das percas que tivemos. Esse trabalho significa exatamente isso: esperança”, opinou.

Foto: Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto

Efeitos das queimadas

Célio, 67, é servidor do ICMBio e trabalha na Flona desde 2011. Para ele, esse é o pior incêndio que atingiu a unidade de conservação em todo o tempo em que atua no local.

Senhor Célio, como é carinhosamente conhecido, também alega preocupação na fuga da fauna para áreas urbanas.

“Qualquer deslocamento que esse animal fizer da unidade para fora, ele corre o risco de atropelamento e outras maldades humanas. O nosso monitoramento é para trazê-los ao centro da unidade e próximo das áreas verdes que sobraram. Também para alimentar os que estão desgarrados e perdidos”, garantiu.

A chefe substituta do Cetas, Clara Costa, disse que animais resgatados e encaminhados ao local, ficam um pequeno período em reabilitação até serem reintroduzidos à natureza. Hoje, cerca de 200 animais estão acolhidos.

De acordo com Clara, o aumento de animais atropelados em rodovias pode ser um efeito colateral dos incêndios florestais, visto que eles tendem a abandonar os ninhos ou tocas e atravessar as pistas em fuga.

“A gente recebe animais de resgates, também de resgates e de entregas voluntárias. E aí a gente faz a avaliação física e comportamental desses animais. Quando eles estão feridos, a gente conta com o apoio dos parceiros dos hospitais veterinários. E quando esses animais recebem alta ou quando eles já chegam para nós não necessitando de tratamento veterinário, a gente começa o processo de reabilitação. Assim, eles vão aprender a conviver com outros da mesma espécie e vamos avaliar se eles sabem se alimentar, procurar água e alimentos de forma autônoma e sem necessitar da ajuda humana. Se eles sabem também escapar dos perigos e dos predadores, só depois de toda essa avaliação para então reintroduzi-los na natureza, quando possível”, destacou Clara.

Tenda de apoio

Na última quarta-feira (18/9), o Governo do Distrito Federal (GDF) instalou uma tenda de apoio dedicada ao resgate de animais domésticos e silvestres afetados pelos recentes incêndios florestais no Parque Nacional de Brasília.

A ação foi coordenada pela Sema-DF em parceria com o Ibram, com o objetivo de proporcionar atendimento emergencial aos animais vítimas das queimadas, bem como promover a reabilitação e reintegração ao habitat deles.

É importante frisar que o Zoológico de Brasília não recebe animais diretamente da população, apenas por meio de órgãos ambientais. Ao encontrar um animal silvestre ferido ou perdido, a população pode entrar em contato com o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) pelo 190, que fará o procedimento correto de resgate junto a entidades ambientais responsáveis.

Fonte: Metrópoles

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