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COMPAIXÃO

Voluntários poloneses têm papel-chave no resgate de animais na Ucrânia

22 de março de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução | Instagram | @uanimals.official

Desde a invasão russa na Ucrânia no final de fevereiro, o estudante de medicina Hamza Chowdhry passou três noites sem dormir em Kiev antes de decidir deixar a cidade. O jovem de 30 anos fez as malas e colocou latas cheias de combustível em seu carro. Antes de partir, ele pegou cuidadosamente o seu bem mais precioso: o seu gatinho. Em seguida, ele rumou em direção à Polônia. No caminho, ele viu tropas ucranianas e russas e o som de explosões. Havia gritos e pessoas em pânico correndo.

Chowdhry demorou 14 horas para chegar até Lutsk, no interior da Ucrânia. Ele precisou passar a noite em um pequeno hotel e pensava de que forma deixaria o país em segurança. No lugar certo e na hora certa, um grupo de voluntários poloneses estava no país resgatando animais e o universitário decidiu segui-los. “Eles eram voluntários vindos da Polônia até a Ucrânia para pegar animais. Eles estavam salvando humanos também”, disse em entrevista ao portal Vice.

Ativistas e voluntários da Polônia estão se mobilizando desde o início do conflito e se tornaram o principal ponto de apoio para resgatar animais na Ucrânia enquanto abrigos estão superlotados e foram atingidos por bombas. Janusz Żwański, um funcionário dos correios polonês que entrega antibióticos e capacetes para a Ucrânia durante seus dias de folga, às vezes resgata gatos ucranianos no caminho de volta para a Polônia e os coloca em segurança.

Entre os animais resgatados, há cães e gatos que se perderam dos seus tutores, mas também há animais que foram deixados para trás quando seus guardiões fugiram. Quase diariamente, ativistas poloneses, em vans, entram na Ucrânia por diversas pontos da fronteiras e resgatam dezenas de animais, além de levarem suprimentos para ajudar protetores e abrigos ucranianos. Há casos de animais desnutridos, desidratados e feridos por balas ou estilhaços.

Trabalho incansável

O trabalho realizado pelo ativista e veterinário polonês Jakub Kotowicz tem sido uma referência de compaixão, competência e verdadeiro amor pela profissão e pelos animais. Ela já salvou mais de 200 gatos e 60 cães em apenas uma viagem. Ele resgata animais nas zonas de confronto assoladas por bombardeios e os leva em segurança para a Polônia, onde tem uma estrutura bem paramentada para cuidar animais com quadros mais graves. Um dos principais focos da equipe de Kotowicz são os animais que foram atingidos por balas e estão com fragmentos alojados em seus corpos.

Um dos casos mais delicados é o de um cãozinho que está um prójetil preso na coluna e talvez não volte a andar. Há ainda o caso da pequena cabra Sasha, de apenas dois meses de idade, encontrada com as patas gravemente feridas. É possível que a cabra desenvolva uma deformação e precise de cuidados especiais para o resto da vida. Além dos problemas físicos, Sasha está traumatizada, foi separada de sua mãe e espera um futuro incerto. Agora, ela divide uma caminha com duas cadelinhas, que a acolheram e a ajudam a não se sentir só e desamparada.

Kotowicz conta que precisou comprar dois carros para otimizar os resgates. Como passar pelas fronteiras é arriscado, ele preferiu aumentar sua frota para resgatar o máximo de animais em uma só viagem. Ele contou ao Metro que muitos animais estavam tão feridos que não sobreviveram ou precisaram ser sacrificados, porque estavam em sofrimento profundo. O veterinário planeja ainda comprar uma nova ambulância e alugar um novo espaço para acolher os animais em recuperação. “Os animais que estão em muito mau estado ficam conosco por dois ou três meses”, afirmou.

Na Polônia, há veterinários solidários da Dinamarca, do Canadá e dos EUA. Todos dispostos a ajudar o máximo de animais resgatados. Kotowicz explica que, agora, o principal desafio será realojar os animais que estão reabilitados e saudáveis. Ele está pedindo que pessoas de várias partes da Europa se candidatem a adotar um animal salvo da guerra, pois muitos deles foram abandonados ou já viviam em situação de rua. Eles não terão para onde ir, pois os abrigos ucranianos, poloneses e romenos já estão sofrendo com superlotação e limitação de recursos.

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