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COMPAIXÃO

Voluntários incentivam adoção de animais resgatados nas cheias no Rio Grande do Sul

18 de maio de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Acervo pessoal/Ana Paula Hahn

Além da tragédia humana no Rio Grande do Sul, as enchentes históricas afetaram milhares de animais. Muitos deles subiram em telhados ou árvores para não se afogar e têm contado com a solidariedade para sobreviver. Segundo o governo do estado, mais de 11 mil de animais e espécies silvestres foram resgatados até agora. Mas esse número é bem maior, já que não inclui os resgates feitos por voluntários, ONGs protetoras e prefeituras.

Nas redes sociais, vídeos mostrando a luta dos animais comoveram os brasileiros. Um deles é de uma cachorrinha que, mesmo em segurança, continuava “nadando no ar”. Ela foi apelidada de Frida e acolhida pela Ana Paula Hahn em um lar temporário, no dia 9 de maio. No começo, a intenção da empreendedora era ser voluntária nos abrigos, mas ela acabou voltando pra casa com duas companhias: a cachorrinha Frida e a Carmella, que ficou com os pais de Ana.

‘Quando chegamos no abrigo, vimos que a situação era muito pior do que a gente imaginava. E os cachorros muito deprimidos, muito tristes… você imagina que vai ver os cachorros brincando contigo, mas não. Então, fomos, em um primeiro momento só pra ajudar.

Encontramos a Frida – codinome que demos – e pensamos que, além de ajudar, a gente tem que fazer um movimento para dar um lar temporário. Senão, esses cães vão morrer de tristeza’, conta ela.

Ana Paula é uma das pessoas que abriram suas casas para receber os milhares de animais resgatados em lares temporários. Ela já encontrou, pelas redes sociais, a tutora de Frida, que na verdade se chama Chita. Por enquanto, a voluntária vai continuar com a cachorrinha, já que a tutora está desalojada. Ela também contou que, apesar do trauma, a Frida parou de “nadar no ar” e que agora trata de uma crise asmática.

‘Ela estava em cima do telhado. Ela ficou nadando até a água chegar no teto – imagina quanto tempo levou, horas, né? Mas o que eu percebi nela foi essa tristeza. Ela tem nove anos, é uma cachorra calma, não é agitada. Mas ela estava muito deprimida e teve essa crise de asma. Se ela tivesse ficado no abrigo, teria morrido no meio de todos os outros, já que dificilmente teriam notado que ela estava com falta de ar’, relata a voluntária.

Voluntários e ONGs se unem para acolher e cuidar dos animais

Uma das instituições que ajuda nos resgates no estado é o Grupo de Resposta a Animais em Desastres, o GRAD Brasil, que recebeu mais de dois mil animais até agora. Eles já atuaram em tragédias como Brumadinho, em 2019, e nas chuvas de Nova Friburgo, em 2011. O foco da instituição agora é se unir aos tutores para encontrar pets perdidos o quanto antes.

‘Hoje, a gente está focado tanto nessa demanda de busca ativa quanto no resgate de gatos, em Canoas principalmente, que são animais com hábito comportamental diferente dos demais, já que não vão na mão do resgatista. A gente tem que ter essa consciência de que os animais estão sofrendo tanto quanto as pessoas. E, talvez, eles tenham uma dificuldade maior de entender o que está acontecendo – porque nós temos acesso a alertas e previsões, eles não. O ambiente deles está totalmente descontrolado’, conta o coordenador do Grupo, Enderson Barreto.

Para o veterinário de desastres e professor da UFF, Flavio Moutinho, o cuidado no pós-resgate deve ser focado na saúde e nos possíveis traumas.

‘O excesso de animais abrigados em locais fechados também pode levar a um surto de doenças infecciosas entre eles e também para as pessoas. É bom evitar misturar esses animais com os que, porventura, a pessoa que oferece o lar temporário tenha em casa para não ter possibilidade de transmissão. Tudo isso são medidas para que não ocorra um dano secundário ao desastre em si’, conta ele.

Algumas doenças que podem afetar os animais são leptospirose, raiva, toxoplasmose e problemas respiratórios.

Fonte: CBN

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