Eles são lindos, fofinhos, simpáticos, mas tem sempre alguém que não gosta, maltrata e, invariavelmente, abandona. Não existe um censo da população animal em Sorocaba (SP), mas o cálculo pode ser feito a partir de referências do Instituto Pasteur. Em 2008, segundo a instituição, a estimativa para o interior de São Paulo era de um cão para cada quatro habitantes e de um gato para cada 16 habitantes.

A comerciante Silvia Elizena dos Santos, 34, mudou a estatística em relação aos felinos: está com sete deles depois que encontrou os filhotes  abandonados em sua construção, na Vila Hortência. “Estavam dentro de uma caixa de sapato, tampada, no sol. Como alguém tem coragem para fazer isso? É o cúmulo da desumanidade”, diz, indignada.

Com uma rotina profissional atribulada, Silvia acabou encontrando mais uma atividade. “No começo eu tinha que acordar duas  vezes na madrugada para amamentá-los”, conta. Agora, ela deixa a chave de casa com uma vizinha que vem três vezes ao dia para dar mamadeira aos gatinhos.

A comerciante  escolheu salvar a vida dos felinos, mas não pode ficar com todos eles, o que pode lhe render mais um transtorno em busca de novos lares para os animais. A melhor orientação, explica a presidente da  Fundação Alexandra Schlumberger, Eliana Alegretti D´Elboux, é encaminhá-los para a  adoção. “Aumentou muito o número de feiras de doações. Isto é diretamente proporcional à guarda irresponsável”, analisa.

Mas o que não faltam são as campanhas de conscientização. A chefe de seção da Zoonoses de Sorocaba, Nila Puglia, lembra que a realização de feiras é constante, onde são prestadas orientações para quem é candidato a tutor de animal. “O ideal é que nem tivesse feirinha. Se tem é porque existe o abandono”, afirma.

A maioria dos animais que perambulam pela rua são semidomiciliados, ou seja, têm tutores mas ficam soltos. “Isso também é falta de guarda responsável. Este animal pode ser atropelado, se envolver em briga, morder pessoas”, enumera. “Ter animal é opção, e não obrigação. Quem não vai cuidar, que não tenha”.

Na sede da Zoonoses, cerca de 50 doações são feitas por mês. Junto com as feiras este número chega a 100. Todos são castrados, segundo Nila, somando  800 animais, entre cães e gatos, machos e fêmeas, esterilizados desde janeiro.

A protetora independente Ana Cláudia Koury auxilia as ONGs no trabalho de orientação a futuros tutores. “Não é complicado ter bicho de estimação. Mas é preciso conscientização em relação à guarda  e sobretudo à esterilização”, afirma.

Cadela adota gatinhos abandonados

Se há pessoas que abandonam, felizmente também há quem adote. E a ‘solidariedade’ pode ser animal. A comerciante Silvia  Elizena dos Santos ganhou uma aliada importante para cuidar dos gatinhos que encontrou: sua poodle Pank, de seis anos. A cadela assumiu integralmente a guarda dos filhotes e não gosta quando estranhos se aproximam da “sua ninhada”. “Ela não sai do quarto nem pra comer. Tenho que levar comida para ela”, conta Silvia.

Os casos de adoção entre animais não chegam a ser novidade, mesmo entre espécies diferentes como cães e gatos. A veterinária Ana Luisa Nithack explica que a reação de Pank pode ter sido causada por uma alteração hormonal. “Para ela, são seus filhotes e a gestação psicológica, a pseudociese, se manifesta”, diz. Estimulada pelos gatinhos, a poodle está até produzindo leite. Mesmo com o crescimento dos gatinhos, o comportamento de Pank, aposta a veterinária, deve se manter amistoso. “Creio que ela nunca vá atacá-los”, afirma.

Conheça algumas instituições

Gamah
Site: www.gamah.com.br. Email: [email protected]

Salve se Puder
Contato:  [email protected]

FAS
Fundação Alexandra Schlumberger  de Sorocaba.
Site: www.fasprotecaoanimal.org.br. Telefone: (15) 3012-8328

Feira
Animais que precisam de um novo lar podem ser levados, após cadastro, para a feira de adoação promovida pela seção de Zoonoses da Prefeitura. A próxima acontece nos dias  27 e 28 de novembro. Telefone: 3229-7315

Gatinhos para doação
Os gatinhos desta reportagem também estão disponíveis para adoção. Contato pelo tel. 2104-4245.

Fonte: Rede BOM DIA