A professora aposentada Nadja Regina Dias da Costa, 53 anos, que há 12 se dedica a cuidar de cães abandonados ou maltratados recolhidos em Canoas e Nova Santa Rita, hoje vê o trabalho voluntário se encerrar. Ela mora em um sítio em Nova Santa Rita, na companhia de 47 cães, e é alvo de um processo judicial por perturbação do sossego alheio movido por vizinhos.
A sentença final lhe dá o direito a ficar apenas com cinco animais. Ainda assim, como sanção, Nadja deverá prestar quatro horas semanais, durante três meses, de serviço comunitário ou pagar multa de um salário mínimo, destinado ao Fundo Municipal do Meio Ambiente. “Serviço comunitário? E o trabalho voluntário que fiz durante esses anos todos?”, desabafa a professora. O advogado da aposentada recorreu da decisão.
Sem espaço adequado para cuidar dos cães, Nadja precisa fazer a doação do animais nas próximas semanas. “Por conta desse trabalho voluntário, minha casa já foi apedrejada e uma cadela foi agredida. Quero voltar para minha terra, de onde jamais deveria ter saído”, lamenta a mulher, que é natural de Canoas. Ela conta que o carinho e a preocupação com os animais começou dentro da sala de aula, quando ainda lecionava. “Saí de Canoas e me mudei para um terreno com 4 mil metros quadrados justamente por causa dos bichos. No entanto, só me incomodei.” Nadja relata um gasto de R$ 1,7 mil de aluguel, mais R$ 700 de seguro-fiança, R$ 500 de combustível, R$ 1 mil de clínica veterinária (com castração, cirurgias e tratamentos) e 500 quilos de ração por mês.
Para as despesas, Nadja faz rifas e conta com o Brechó Pró-Cão, que acontece nas segundas, terças e quintas-feiras, no Centro de Canoas. A renda é revertida para a hospedagem, ração, castração e vacinas dos cães. Dos 47 animais, 37 deles são chipados. O Ministério Público do Estado informou que a audiência de transação penal está marcada para 1º de setembro, para decidir sobre os serviços prestados ou a multa. Interessados podem entrar em contato pelo [email protected].
Fonte: Correio do Povo