Com medo – e dó, ao mesmo tempo – dos animais, os vizinhos colocam comida e água por cima do muro. “Há um mês, o pitbull estava puro osso, agora uma senhora vem trazer comida para ele todos os dias e ele engordou um pouco. Ela joga a comida por cima do muro”, diz um vizinho que não quis se identificar. Ele conta que o dono praticamente sumiu há cerca de três meses.
A vizinhança diverge sobre a idade do cão. Uns acham que ele não tem nem dois anos, outros já dizem que ele tens uns dez anos.
“Agora o pitbull engordou e está melhor. Há um mês você pensaria que ele ia morrer”, diz o mecânico Douglas Barbosa, que reside nas proximidades. Ele conta que alguém até quebrou o muro “para ver se o pitbull ia embora, mas não foi”.
“Agora já arrumaram porque os vizinhos ficam com medo. Embora tenha fama de ser violento, o animal aparentava não ter forças para atacar alguém”.
Enquanto os cães passam fome e sede, não há quem os ajude. O Centro de Controle de Zoonoses (CZZ) – ligado à Vigilância Sanitária – diz que já foi ver os animais, mas não pode fazer nada.
“Não é competência da Saúde, maus-tratos contra animais são crimes e devem ser denunciados na Polícia Civil”, diz a gerente do CCZ, Marilda Fonseca de Oliveira. Ela explica que o centro não tem respaldo legal para resgatar os cães.
“Se alguém fizer o Boletim de Ocorrência na Polícia Civil, o CCZ pode até transportar os animais de um lugar para outro, mas a título de colaboração”.
A Associação de Proteção aos Animais de Rua (Aparu), de Maringá, não estava sabendo do caso. Uma das voluntárias, Clarice Rodrigues, aconselha aos vizinhos formalizarem a denúncia da delegacia.
“A Aparu pode fazer a denúncia, mas precisa de testemunhas”, informa, acrescentando que os vizinhos podem testemunhar o fato.
A reportagem procurou a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, mas o Ministério Público informou que o promotor Manoel Ilecir Heckert foi promovido a procurador e estava em Curitiba e, por enquanto, não há outro promotor designado para a vaga dele.
Já a Polícia Ambiental diz que só resgata animais silvestres. No caso de animais domésticos, apenas autua o tutor e comunica o caso à Justiça. O cão, nesse caso, é encaminhado ao CCZ.
Fonte: O Diário