Em Dunedin, na Nova Zelândia, a coexistência de humanos e leões-marinhos na cidade é cada vez mais comum, à medida que a população da espécie cresce na região.
“Eles são absolutamente destemidos, não têm medo das pessoas… algo sobre sua inteligência faz com que muitas pessoas se conectem com eles”, disse Jim Fyfe, ranger da biodiversidade costeira na região de Otago, no Departamento de Conservação (DOC), em entrevista ao The Guardian.
Os leões-marinhos da Nova Zelândia, uma das espécies mais raras do mundo, foram quase extintos devido à caça intensiva no século XIX. Hoje, há cerca de 10 mil indivíduos, e desde 1994 eles começaram a retornar ao continente, com 39 pares reprodutivos agora na península de Otago.
Antigamente, eles habitavam toda a costa, mas hoje vivem principalmente nas Ilhas Subantárticas, a cerca de 700 km ao sul da Nova Zelândia. Quando os colonizadores europeus estabeleceram uma indústria de caça no século XIX, a população caiu drasticamente.
Durante o verão, as fêmeas grávidas buscam refúgio longe dos machos, ocupando jardins, playgrounds e até motéis. Esses encontros próximos têm transformado a vida dos moradores, como a de Nicole Bezemer, que superou um período difícil devido ao contato com os animais.
Em janeiro de 2024, ela estava lutando contra a depressão quando encontrou Mahira, uma leoa-marinha de quatro anos com um filhote recém-nascido. Esse momento mudou sua vida.
O filhote, que ela chamou de Mabel, passou semanas no seu jardim, enquanto Mahira pescava no mar. Mabel se tornou uma visitante constante, e Bezemer aprendeu a lidar com as travessuras do filhote.
No entanto, a expansão dos leões-marinhos para áreas urbanas também reflete desafios em seus habitats naturais, como a escassez de alimentos e mortes acidentais em redes de pesca. Apesar do apoio da comunidade, problemas como atropelamentos e conflitos com humanos demandam estratégias de longo prazo para proteger a espécie e integrá-la ao ambiente urbano.
A restauração de habitats e a conscientização pública são essenciais para garantir a sobrevivência desses animais. Para pessoas como Bezemer, ajudar os leões-marinhos é uma forma de retribuir o impacto positivo que eles tiveram em sua vida.
“Eu tenho uma dívida com essas criaturas que realmente me ajudaram, de maneira profunda, em um momento difícil”, declarou ela.