O melro-preto é uma das aves mais enraizadas na cultura popular portuguesa e é protegida nas leis do país. No entanto, com a hostilidade vinda dos agricultores nos campos, o melro está sendo obrigado a deixar seu habitat, migrando para as cidades em busca de refúgio e alimentação.
O ditado popular “Melro-de-bico-amarelo come a semente e o farelo” é um reflexo de como os produtores rurais veem a ave. O melro possui semelhanças morfológicas com outros pássaros, como os estorninhos (preto e malhado). Estes, por sua vez, se alimentam das frutas e sementes encontradas nas plantações. Dessa forma, ambos sofrem com a perseguição dos agricultores.
Em Lisboa, é cada vez mais frequente a presença do melro nos jardins, canteiros e até nos telhados e antenas de prédios. Apesar do estatuto de “não ameaçado”, há algumas ameaças à espécie. “A população de melros, em geral, não está ameaçada, mas pode sofrer algumas perturbações, como a caça, a predação doméstica ou de animais selvagens”, diz Gonçalo Elias, coordenador do portal www.avesdeportugal.info.
A espécie
O melro-preto (Turdus merula) tem uma distribuição abundante por toda a Europa e Ásia. Em Portugal, pode ser encontrado em todo o território, à exceção da ilha de Porto Santo.
Existem três subespécies em Portugal. No Continente encontramos o Turdus merula merula; nos Açores, o Turdus merula azoriensis (a menor de todas); e na Madeira, o Turdus merula cabrerae. “Todas elas muito semelhantes, tornando difícil a sua distinção a olho nu, mas são diferentes do ponto de vista genético”, afirma o biólogo Domingos Leitão, coordenador do Programa Terrestre da Sociedade Portuguesa para Estudo das Aves.
Além das aves residentes, pensa-se que nos meses de inverno haja uma imigração de alguns melros-pretos para a Península Ibérica. Gonçalo Elias, coordenador do portal www.avesdeportugal.info, salienta: “Este não é um dado muito conhecido, mas que efetivamente supõe a presença de indivíduos vindos do Norte.” Foram já encontrados melros no Reino Unido, França, Bélgica, Holanda, Alemanha e Dinamarca, o que demonstra terem vindo de outros países. Contudo, “os números são pouco representativos face às populações residentes, presentes em quase todos os habitats”, acrescenta.
Com informações da DN