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JOINVILLE (SC)

Vítimas do preconceito e da maldade humana, pit bulls são abandonados

23 de setembro de 2021
Natália Oliveira | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Desde 2007, a lei 14.204, proíbe a criação e comercialização de cães da raça pit bull em Santa Catarina, o que poucas pessoas sabem é que eles continuam se reproduzindo e sendo comercializados, mas de forma cruel e em criadouro clandestino, consequentemente, continuam sendo abandonados.

Negligenciados e vítimas de maus tratos, os animais acabam nas ruas e dificilmente conseguem um novo lar. O reflexo dessa cadeia de imprudência está no Centro de Bem-estar animal que hoje acumula seis cães da raça para adoção. Os pedidos de resgate não param de chegar. Por semana, são entre oito e dez.

Dificuldade na adoção

“Temos muita dificuldade de quem adote esse animal. As pessoas têm medo, pois já se criou um tabu que todo pit bull é agressivo, mas sabemos que não são, sabemos que o cão se torna agressivo pelo jeito como ele é e foi tratado, criado, desde pequeno. Temos muitos cães aqui que não são pit bulls, são sem raça definida, que são agressivos. Tudo depende do que esse animal passou, dos traumas que ele passou”, explica Marisa Fock, gerente do Centro de Bem-estar Animal de Joinville.

Um dos cães que estão para a adoção no Centro de Bem-estar Animal – Foto: Reprodução vídeo/Divulgação

Mutilação

É muito comum a mutilação em pit bulls para fins “estéticos”, mas em geral poucas pessoas sabem que ao retirar a cartilagem que protege a orelha é como se deixasse o animal mais exposto ao som e isso o torna estressado, sendo um dos principais fatores que faz com que as pessoas não queiram adotar o cachorro dessa raça devido a fama

Como denunciar

As denúncias de criadores clandestinos de cães da raça pit bull deve ser feitas pelo site da prefeitura, telefone 156, ou para a Polícia Militar pelo 190. O CBEA hoje tem uma feira virtual onde os animais disponíveis para adoção podem ser encontrados. Entre os candidatos, há o Brutus que há anos espera por uma nova chance de ser feliz; o Pirata, o Viajante, a Zara e a Ida também estão na fila. São animais que já sofreram muito e precisam de uma nova chance para amar e serem amados.

Adoção

O candidato passa por uma triagem justamente pelo histórico de maus-tratos e pela raça não é qualquer um que pode adotar.

“Nós vamos na residência ver se essa pessoa tem condições de receber um animal desses porque é muito difícil pra nós darmos em adoção sendo que a o local não é adequado”, comenta Marisa.

Inclusive, uma das exigências é que a casa seja própria porque muitas pessoas mudam de endereço e querem deixar o animal para trás:

“O que mais a gente vê nas redes sociais é: ‘estou me mudando e não tenho como levar meu cachorro porque o proprietário não aceita, não tem espaço”. Na melhor das hipóteses, essas pessoas entram em contato com a gente e devolvem o cão, mas em muitos casos o cão é largado à própria sorte. A gente vê muito isso aqui em Joinville”, testemunha a gerente do CBEA.

Muita energia para gastar

Edi Pereira dos Santos é adestrador e confirma: não é qualquer pessoa que pode ter um pitbull. O animal, além de ser forte, tem muita energia, e precisa de uma rotina de cuidados.

“Ele é um cão de energia alta, precisa de uma boa rotina de exercícios, de adestramento, precisa de caminhada longa, todos os dias. Se a pessoa for sedentária, que gosta de chegar do trabalho e ficar em casa, o pit bull não é um cão ideal para essa pessoa”, explica Edi.

“Qualquer cão que fica aprisionado na corrente fica estressado. Então, ele não vai ter a oportunidade de socializar com outras pessoas, com outros cães. Esse é o grande mal. Esses cães que gente vê agredindo outra pessoa, outros animais é porque eles foram privados desde a infância de uma socialização, conviver com pessoas, e outros animais. Ele simplesmente não sabe como reagir porque ele não foi ensinado”, acrescenta Edi.

 

É extremamente importante conscientizar as pessoas sobre os cuidados que a raça existe, através do conhecimento podemos mudar muitas atitudes e dar uma vida digna para esses animais que sempre viveram as margens da sociedade, excluídos e sendo taxados como malvados.

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