Ele bem que procurou um pouco de sossego. Mas chamou tanto a atenção que ficou difícil continuar dormindo em meio às pessoas que visitavam, na manhã desta quarta-feira (3), o Cemitério Morada da Grande Planície, em Praia Grande, litoral paulista.
Um cão de olhar dócil e tristonho ganhou carinho e cafuné no feriado de Finados. E serviu para lembrar que tão importante quanto reverenciar os que já se foram é respeitar quem está vivo – incluindo os animais.
Pit, como vem sendo chamado pelos funcionários do cemitério – em uma referência à raça pit bull, à qual ele parece pertencer – estava próximo a um dos cruzeiros onde os visitantes acendiam velas. E não deu a menor importância para a movimentação, o cheiro de cera queimando ou os pés que passavam a seu lado, a todo instante.
“Ele está vindo aqui todo dia, há mais de um mês”, contou uma funcionária do cemitério. “A gente não pode deixar ele ficar aqui, porque algumas pessoas têm medo, mas ele entra sem a gente ver”. Conforme a funcionária, Pit dorme no local até o final da tarde, quando os portões são fechados. “Aí, volta para a casa dele”.
A fim de evitar novas visitas do cão, funcionários da Morada da Grande Planície já teriam o seguido até sua casa, na rua ao lado do cemitério, e conversado com seu tutor.
“O tutor prometeu que iria deixar ele preso, mas foi só naquele dia”, lembrou a funcionária. “Acho que ele está acostumado a ficar solto, por isso ele é assim, manso”.
Maria Zenilda Rodrigues, que visitava a campa do pai, ficou impressionada com a jeito dócil de Pit. E intrigada com o local escolhido pelo cão para descansar.
“Aqui é um lugar tranquilo. Mas ele poderia ir para um monte de lugar. Por que ele vem aqui?”, questionou Zenilda. “Tem alguma coisa aqui que o faz vir para cá”.
Movimento
Assim como Pit, centenas de pessoas passaram pela Morada da Grande Planície no Dia de Finados. De acordo com a chefe da Divisão de Cemitério, Marcela Sousa Pereira, a expectativa era que 15 mil visitantes comparecessem ali até o final do dia.
“A maior parte dos visitantes vem na parte da tarde”, explicou Marcela. “Estamos com o efetivo completo hoje. Os 30 funcionários, entre coveiros, pessoal da manutenção e administrativo”.
Fonte: Jornal A Tribuna